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Expansão do metrô recebe menos verba que obra viária
Malha poderia ser 50% maior se gastos da década fossem só para os trilhos
Governos investiram
R$ 13,5 bi em novas vias, mais do que os
R$ 12 bi estimados para fazer 30 km de linhas
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
Mais do que novas avenidas, túneis e viadutos, a solução do transporte na região
metropolitana de São Paulo
está na expansão do metrô.
O discurso parece até repetitivo -por já ser endossado
por nove entre dez políticos
deste século. Só que, na prática, não foi seguido à risca
pelas várias esferas de governo e partidos, do PSDB ao PT.
Levantamento da Folha
mostra que a Grande São
Paulo deve completar a década com um desembolso acima de R$ 13,5 bilhões com as
suas dez principais obras viárias novas. É dinheiro suficiente para, com folga, aumentar em 50% a rede atual
do metrô paulistano.
E é mais do que os R$ 12 bilhões estimados para construir e equipar os 30 km de
novas linhas de metrô que a
região ganhou ou ganhará de
2000 até meados de 2011.
A conta considera só a ampliação do sistema metroviário em quilômetros e a construção de mais faixas de tráfego. Ela exclui os casos que
se limitaram à modernização, reformas e equipamentos para vias ou metrô -bem
como a melhoria dos trens e
outros transportes coletivos.
Os cálculos motivam duas
avaliações de especialistas:
1) O ritmo de expansão do
metrô, inferior a 3 km/ano,
prosseguiu tímido, embora
superior à média de 1,5 km/ano das décadas anteriores;
2) Ainda que haja obras
viárias importantes e úteis, é
ruim que se invista mais nelas do que em metrô.
"Os políticos só pensam
no alívio imediato do trânsito. Mas após uns três anos ele
acaba. Os problemas voltam
piores. É um remédio envenenado", diz Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre
em transportes pela USP.
REPETIÇÃO
Na lista de obras viárias
desta década estão desde túneis construídos pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT) até a
alça sul do Rodoanel, que teve a contribuição do ex-governador José Serra (PSDB) e
do presidente Lula (PT).
A insuficiência da expansão do metrô também tem
responsabilidade dividida.
A obra tem sido historicamente uma atribuição do Estado, comandado nesta década por gestões tucanas.
O mesmo governo Lula
que forneceu R$ 1,2 bilhão ao
Rodoanel, porém, quase não
investiu na expansão do metrô paulistano (exceção a empréstimos e um repasse de R$
270 milhões cujo gasto não
era obrigatório em metrô).
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