São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Ciclistas são sabotados com tachinhas nas ruas da USP

Usuários de bicicletas que treinam na Cidade Universitária temem acidentes

Atletas afirmam que tachinhas começaram a ser colocadas nas ruas em retaliação a quem usa local para pedalar

Apu Gomes/Folhapress
Ciclista mostra tachinhas que encontrou na av. Prof. Luciano Gualberto

NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em menos de duas horas, a bicicleta da publicitária Tatiana Voivodic, 34, foi vítima de quatro tachinhas. O material, espalhado nas ruas do campus da USP (Universidade de São Paulo), furou o pneu da bike e quase derrubou a triatleta.
Ciclistas que treinam na Cidade Universitária dizem que têm sofrido "ataques" de tachinhas há cerca de dois meses. A suspeita dos esportistas é que elas tenham sido jogadas pelos alunos para furar o pneu das bicicletas. Mas funcionários do campus falam também em taxistas e motoristas de ônibus.
"Já pegamos mais de cem tachinhas na rotatória", conta Voivodic. As "armadilhas" aparecem em pontos estratégicos, locais onde há maior movimento de ciclistas ou perto das curvas.
A Folha esteve na Cidade Universitária e encontrou tachinhas perto da avenida Professor Luciano Gualberto, em um local utilizado pelos atletas para fazer o retorno durante o circuito.
Segundo os ciclistas, outros pontos onde elas mais causam problemas são a região da raia olímpica e a praça da Reitoria.

RISCO DE ACIDENTES
A médica ortopedista Kelly Stefani, 40, que treina no local para competições, diz que o risco de sofrer uma fratura grave quando o pneu estoura é alto. "Dependendo da velocidade em que estiver, pode ser até fatal", diz.
Segundo Stefani, o perigo aumenta já que muitos ciclistas andam em pelotão de 15 a 20 pessoas. Os ciclistas podem pedalar a até 45 km/h.
O problema pesa no bolso dos ciclistas. O prejuízo com um pneu furado vai de R$ 36 a R$ 150 (para trocar).
A USP é um dos espaços mais utilizados por ciclistas e corredores da cidade. Segundo eles, falta lugar para pedalar em São Paulo.
A estimativa das assessorias esportivas é que pelo menos 200 ciclistas utilizem o local para treinar.
A presença dos esportistas, no entanto, não é aprovada por todos.
Estudantes e funcionários reclamam do excesso de bicicletas, muitas vezes em velocidade alta, e também do número cada dia maior de corredores que treinam por lá.
O motorista de ônibus Gerson Benício, 50, diz que os ciclistas atrapalham o tráfego. "São três faixas. A gente acha que eles deveriam ocupar a direita. Mas eles ocupam a direita, a do meio e se precisar vão para a esquerda."
"Eles não deixam o carro passar. Eu já passei perto e o ciclista deu um murro no meu carro", conta a enfermeira Adriana Antiga, 36, que frequenta a USP com o filho Mateus, 16, que faz aula de remo na raia olímpica.
"Muitos são educados, mas muitos ficam nas duas faixas da pista", diz a estudante Débora Svizzero, 18.
O diretor da assessoria esportiva Five Ways, Ronaldo Martinelli, diz que o caso preocupa. "Já vi muito ciclista caindo. É uma coisa irresponsável e até criminosa."


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