|
Próximo Texto | Índice
CRIME
Chance de ser assassinado na área metropolitana do ES é 63 vezes maior que a de ganhar na Loteria Federal
Vitória bate SP e Rio em homicídios
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
Nem Rio de Janeiro nem São
Paulo. A Grande Vitória (ES) é a
região metropolitana mais violenta do país. É o que mostram os últimos dados de mortalidade divulgados pelo Datasus (Ministério da Saúde) na Internet.
Em 1997, a capital capixaba e os
municípios ao seu redor registraram, em média, uma taxa de 84
homicídios por 100 mil habitantes. Esse número é igual ao do Jardim Ângela -distrito da periferia
paulistana que ficou famoso por
sua violência.
Segundo os dados do Datasus,
nenhuma outra causa específica
matou mais pessoas na região
metropolitana de Vitória do que o
assassinato em 1997.
Todas as formas de câncer juntas vitimaram 884 moradores da
região, por exemplo, enquanto as
vítimas de assassinato chegaram a
1.018 -numa população de 1,2
milhão (84/100 mil habitantes).
Com essa marca, a Grande Vitória tornou-se a aglomeração urbana mais perigosa para qualquer
faixa etária, pulando à frente das
regiões metropolitanas do Rio e
de São Paulo, cujas taxas foram,
respectivamente, de 59/100 mil
habitantes e 55/100 mil em 1997.
Na verdade, Rio e São Paulo,
que recebem a maior atenção da
mídia porque têm o maior número absoluto de assassinatos, estão
em 3º e 4º lugares no ranking da
violência metropolitana nacional.
Os dados processados pelo Datasus mostram que, com um crescimento de 37% em relação ao
ano anterior, a taxa de homicídio
da Grande Recife saltou para a 2ª
colocação em 1997: 62/100 mil.
Taxa de risco
A taxa indica o risco de uma
pessoa ser morta em uma determinada área em um ano específico. Assim, a chance de um habitante da Grande Vitória ser assassinado foi de 84 vezes em 100 mil
durante o ano de 1997.
Em outras palavras, era 63 vezes
mais fácil um morador dessa região metropolitana morrer por
homicídio naquele ano do que
um apostador ganhar na Loteria
Federal comprando apenas um
bilhete.
Mas esse risco não é igual para
toda a população da área. No caso
da campeã do ranking de 1997, a
chance de ser assassinado era
quase duas vezes maior em Serra
(100/100 mil) do que em Viana
(57/100 mil), ambos municípios
da Grande Vitória.
Faixa etária
Os jovens adultos são as principais vítimas da violência na região
metropolitana do Espírito Santo.
Para aqueles entre 20 e 29 anos, o
risco de ser assassinado foi de 183
vezes em 100 mil em 1997.
Vitória já havia sido considerada a capital mais perigosa para jovens e adolescentes em levantamento feito pelo Unicef (Fundo
das Nações Unidas para a Infância) até 1996.
Desde então a situação piorou,
com um aumento de 38% na taxa
de homicídios de jovens.
Mesmo sem os municípios vizinhos, a cidade de Vitória aparece
em 1º lugar no ranking de homicídio por habitante entre as capitais
brasileiras em 1997.
Com uma taxa de 77/100 mil, está pouco à frente de Recife (74/100
mil). Em 3º lugar, com 55/100 mil,
vem São Paulo, quase empatado
com o Rio (54/100 mil).
Em patamar semelhante surgem Cuiabá (50/100 mil) e Macapá (47/100 mil). Na 7ª colocação,
Campo Grande tem uma taxa de
40 homicídios por 100 mil habitantes -equivalente à média de
todas as capitais.
Vitória e Recife chegaram ao topo do ranking de homicídios após
um crescimento de, respectivamente, 40% e 39% em relação a
1996 -enquanto as taxas paulistana e carioca ficavam praticamente estáveis.
No lado oposto da classificação
aparecem as capitais de Tocantins
e Santa Catarina: Palmas e Florianópolis, com 7/100 mil e 11/100
mil, respectivamente.
Ou seja, o risco de um morador
de Vitória (a mais violenta das capitais) morrer assassinado foi, em
1997, dez vezes maior do que o
corrido por um habitante de Palmas (a menos violenta).
Próximo Texto: Impunidade estimula crimes em PE, diz ONG Índice
|