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GUERRA DOS MENINOS
Punições alternativas são menos aplicadas e média de internados é maior que a média nacional
SP tem 53% dos menores internados
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Embora tenha 21,7% da população brasileira, o Estado de São
Paulo concentra mais da metade
(52,7%) dos adolescentes infratores do país que estão internados
em instituições como a Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor).
Dos 7.518 sentenciados com a
medida de privação de liberdade
no Brasil neste ano, 3.968 vivem
em São Paulo, segundo levantamento do Ministério da Justiça.
Minas Gerais, o segundo Estado
mais populoso (com 10,6% da população), tem 205 adolescentes
internados -2,7% do total de internos no país.
Para o Ministério da Justiça, a
frequência com que os juízes da
Infância e Juventude de São Paulo
têm determinado a internação de
adolescentes infratores é uma das
principais razões do atual caos na
instituição paulista.
"A porta de entrada na Febem é
muito larga. Há profissionais vendo o ECA (Estatuto da Criança e
do Adolescente) de cabeça para
baixo, aplicando com maior frequência a internação, que é uma
medida que só deveria ser aplicada em última instância", diz Olga
Câmara, diretora do Departamento da Criança e do Adolescente do Ministério da Justiça.
Medidas alternativas à internação -como a semiliberdade, a liberdade assistida e a prestação de
serviços à comunidade- são
pouco adotadas em São Paulo e,
em parte dos casos aplicados, funcionam precariamente.
Na semiliberdade, o adolescente
estuda e trabalha durante o dia e à
noite tem de dormir na instituição. Já na liberdade assistida, ele
continua morando com a família,
mas precisa prestar conta de seus
atos semanalmente ou quinzenalmente a um assistente social designada para isso.
ECA desrespeitado
O estatuto do menor estabelece
que só devem ser internados adolescentes que cometem infrações
violentas, que descumprem as
outras medidas socioeducativas
ou que são reincidentes.
Segundo o ministério, dos quase 4.000 adolescentes infratores
paulistas da Febem, apenas 10,5%
cometeram infrações comprovadamente violentas (como homicídio, latrocínio, estupro e tentativa
de homicídio), que exigem a internação.
Cerca de 60% dos internados
em São Paulo foram condenados
por roubo. Segundo a Febem,
38% dos infratores internados são
reincidentes.
O furto foi o segundo delito cometido com maior frequência pelos internos: 6,8% do total. De
acordo com o estatuto, adolescentes que furtam não deveriam ser
internados a menos que sejam
reincidentes.
Segundo levantamento do Ministério da Justiça, dos 22.866 infratores que já foram sentenciados este ano, 32,8% foram internados, 4,6% estão em semiliberdade, 54,8% em liberdade assistida e 7,7% prestam serviços à comunidade.
No Estado de São Paulo, 37,4%
dos 10.608 adolescentes infratores
já sentenciados foram internados,
percentual acima da média nacional. Receberam a liberdade assistida 60,9%.
A semiliberdade só foi adotada
em 1,6% dos casos e nenhum dos
jovens infratores foi sentenciado
com a prestação de serviços à comunidade.
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