São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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GREVE NAS UNIVERSIDADES

Manifestação reuniu também professores e funcionários da USP, Unicamp, Unesp e Fatec

Estudantes e PMs duelam em avenida

Sandra Neaime/Folha Imagem
Manifestante é levado algemado por policiais militares durante o protesto na Assembléia Legislativa


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais militares e universitários transformaram ontem as ruas ao redor da Assembléia Legislativa de São Paulo em um campo de batalha. A PM disparou bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio contra os manifestantes, na maioria estudantes, que tentaram fechar a avenida Pedro Álvares Cabral. Os manifestantes revidaram com pedras.
Os estudantes afirmam que cinco pessoas ficaram feridas. Não foram registrados feridos entre os policiais militares.
O conflito começou porque cerca de mil estudantes, professores e funcionários da USP, da Unesp, da Unicamp e da Fatec quiseram entrar na Assembléia para acompanhar as discussões dos deputados com relação ao veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao mecanismo que permitiria aumentar as verbas para a educação (leia texto ao lado).
A direção da casa determinou que poderiam entrar cerca de 400 pessoas -a capacidade do plenário principal. As demais ficaram de fora, pressionando sua entrada por meio de coros e de um carro de som. Oitenta policiais militares, incluindo 30 da Força Tática (grupo preparado para confrontos), faziam uma barreira para impedir a entrada deles.
Às 19h45, os manifestantes resolveram deixar o portão que fica em frente ao Comando Militar do Sudeste e se deslocar até a Pedro Álvares Cabral, em frente ao parque Ibirapuera. Nesse momento, eles tentaram fechar a via.
A Força Tática avançou, atirando bombas. Carros que passavam no local manobraram e fugiram na contramão.
Após esse primeiro confronto, os manifestantes se dispersaram. A maior parte foi para a Brigadeiro Luís Antonio, onde foram perseguidos pela força policial até perto da avenida Nove de Julho.
A reportagem da Folha presenciou três feridos -todos na perna ou no pé-, que foram atingidos por bombas na Brigadeiro.
Um dos feridos foi Eduardo Portela, 22, aluno da USP. "Foi um absurdo. Eles [os PMs] jogaram bombas no meio do trânsito", afirmou ele, com o pé ensanguentado. Rodolfo Vianna, 20, diretor do diretório central dos estudantes da USP, disse que alguns manifestantes foram atingidos por balas de borracha. A PM nega.
O coronel Júlio Antônio de Freitas Gonçalves, designado pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para comentar a ação da PM, disse que a polícia agiu para "garantir o direito de ir e vir de pessoas que não tinham nada a ver com o protesto". Ele negou que tenham ocorrido excessos dos policiais. "Eles [os universitários] estavam depredando carros e lojas", afirmou o coronel.
Foram autuadas 13 pessoas no 78º DP (Jardins), por dano ao patrimônio. Todos foram liberados.
O presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia (PFL), confirmou à Folha que foi ele quem limitou a entrada dos manifestantes.

Colaboraram ALEXANDRE HISAYASU e DANIELA TÓFOLI, da Reportagem Local


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