São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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Namorada de coronel é ameaçada de morte

"Você mexeu com quem não devia" é o teor da gravação apresentada à Polícia Civil por Liliana Prinzivalli, mãe de Carla

A ameaça foi por telefone; mãe diz que delegada da PF em Belém Renata Madi deve ser investigada pela morte de Ubiratan Guimarães


ANDRÉ CARAMANTE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Carla Cepollina, você matou, você vai morrer. Vai demorar um pouquinho mais, mas você vai acertar as contas. Você mexeu com quem não devia. Vai demorar um pouquinho, mas você conseguirá chegar onde ele tá (sic): sete palmos da terra." Esse foi o teor da gravação apresentada ontem pela advogada Liliana Prinzivalli, mãe de Carla Cepollina, como sendo a de uma ameaça de morte sofrida pela filha.
A ligação com a ameaça contra Carla, segundo Liliana disse à Polícia Civil, foi feita a partir de um aparelho fixo identificado de São Paulo, cujo número é 5086-0554, e ficou gravada na secretária eletrônica.
A advogada Carla, que namorava há mais de dois anos o deputado estadual e coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, morto com um tiro no abdômen no último sábado, recebeu a chamada no aparelho registrado em seu nome e que está instalado no apartamento da mãe, no Brooklin (zona sul de São Paulo).
Carla é, segundo o deputado Vicente Cascione, advogado da família do coronel e o mesmo que o defendeu no processo do chamado massacre do Carandiru, a principal suspeita do assassinato, após uma discussão ocorrida na noite do último sábado. Ela nega. No sábado, imagens do elevador do prédio onde ela vive mostram que Carla chegou em casa às 21h06.
A ameaça por telefone ocorreu minutos antes de Carla e da mãe deixarem o local para concederem uma entrevista coletiva sobre o assassinato de Ubiratan, cometido dentro do apartamento onde ele vivia, no bairro dos Jardins (zona oeste de São Paulo).
Segundo Liliana, a filha não compareceu à coletiva de imprensa porque estava com medo. Na segunda-feira, no velório de Ubiratan, diz Liliana, Carla também foi ameaçada de morte pela mãe do coronel.
Ao ser questionada sobre quem são, além de Carla, as pessoas que devem ser investigadas pela morte de Ubiratan, Liliana disse que todos os assessores políticos dele e, principalmente, a delegada da Polícia Federal no Pará Renata Azevedo dos Santos Madi.
"Essa Renata recebia recadinhos dele [Ubiratan]: "Menininha, te amo! Tô com saudade". Ela nega que eles tiveram algum tipo de envolvimento. É lógico que suspeito [da Renata], se ela não tem nada a esconder, por que ela não fala a verdade como a minha filha falou?", disse Liliana, que voltou a afirmar que Ubiratan bebeu no sábado.
Para Liliana, Renata deve figurar entre os suspeitos pela morte porque enviou mensagem de texto no celular dele dizendo que "estava chegando". Para a mãe de Carla, diferentemente do que acredita a polícia, Renata estava em Bauru (343 km de SP) no sábado do crime, e não em Belém (PA).
Com bastante acesso à cúpula da Polícia Civil, onde sempre é recebida com beijos e abraços por delegados, Liliana disse também que pediu aos investigadores do DHPP que descubram quem é o garoto, morador do mesmo prédio onde Ubiratan foi morto, que mantinha amizade com o deputado. A polícia também quer saber se Ubiratan teve um relacionamento amoroso com uma mulher casada do edifício.
Diante das insinuações de Cascione de que Carla iria fugir do país, ela se dispôs a entregar seu passaporte à polícia, mas isso não ocorreu.
Cascione ironizou as declarações de Liliana. "Os encurralados saem atirando em qualquer direção. A tática de espalhar fumaça é a tática da pessoa identificada, que está sem saída", afirmou Cascione sobre a informação de que o coronel teria um amigo no prédio.
Sobre a afirmação de Liliana de que todas as pessoas próximas de Ubiratan deveriam ser investigadas como Carla, Cascione respondeu: "Também concordo. Desde que também estivessem a tarde inteira no apartamento do coronel."


Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local

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