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"Não trabalhem demais, porque isso baiano não gosta", diz Jobim em Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim (PMDB), cometeu uma
gafe ao discursar ontem, em
Salvador, para cerca de 200
marinheiros e representantes
de ONGs durante encontro
promovido pela Organização
Marítima Internacional, uma
agência da ONU (Organização
das Nações Unidas).
Pouco depois de cumprimentar as autoridades -entre
as quais o governador em exercício da Bahia, Edmundo Pereira (PMDB) -, Jobim afirmou,
em discurso de improviso, que
os baianos não gostam de trabalhar. "Não trabalhem demais, porque isso baiano não
gosta", afirmou, dirigindo-se
aos marinheiros e representantes de ONGs.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), estava nos
EUA e não participou do encontro. O antecessor de Jobim
no ministério, Waldir Pires,
que é baiano, não foi localizado
pela reportagem ontem para
comentar a declaração de Nelson Jobim.
Mais tarde, em entrevista,
Jobim recuou da declaração.
"Não disse que o baiano não
gosta de trabalhar. Disse que o
baiano é inteligente, que sabe
que trabalhar, e só trabalhar, dá
neurastenia e intolerância.
Agora, trabalhar com lazer e
prazer, que é que o baiano faz, é
o que traz a possibilidade de
sorrir", afirmou.
O encontro de ontem foi realizado em Guarajuba, no litoral
norte de Salvador, em um hotel
à beira-mar.
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) na
Bahia, Saul Quadros, reagiu à
declaração de Jobim. "O ministro, a despeito de ser um grande
jurista, certamente cometeu
não só uma gafe imperdoável
mas ofendeu a todos que aqui
nasceram, vivem e trabalham
muito. Afirmações desse tipo
só reforçam posturas preconceituosas que em nada somam
para o engrandecimento da nação", disse Quadros.
De acordo com o presidente
da OAB na Bahia, "a melhor
postura para o ministro agora
seria se retratar e pedir desculpas aos baianos".
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