São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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Xadrez vira moda nas escolas de São Paulo

Colégios particulares passaram a adotar o jogo como meio de desenvolver raciocínio lógico e estimular a concentração

Na rede municipal, 25 mil estudantes praticam o jogo; Estado diz que xadrez ainda não foi adotado como prática pedagógica

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Judô, balé, natação, música e... xadrez. A temporada de matrículas está aberta e, para tentar atrair os pais, colégios particulares de São Paulo oferecem cada vez mais cursos extracurriculares. A moda, agora, são aulas de xadrez. Instrumento de marketing ou não, o bom é que o jogo é unanimidade entre os educadores: desenvolve o raciocínio lógico, estimula a concentração e ensina os estudantes a ganhar e a perder.
Um dos primeiros a oferecer xadrez, o Colégio Augusto Laranja, na zona sul, adota o jogo há 17 anos como atividade optativa e decidiu que, a partir do ano que vem, ele será obrigatória para alunos do 2º ao 6º anos do ensino fundamental.
"O jogo é um poderoso instrumento pedagógico e desenvolve aspectos importantes da aprendizagem, como atenção, concentração, raciocínio lógico-matemático, julgamento, planejamento, imaginação, autocontrole, perseverança, capacidades fundamentais no desenvolvimento da criança e do jovem", diz Rosa Costa, diretora institucional da escola. "Então, resolvemos adotá-lo como atividade obrigatória."
Diretor do Sieeesp (sindicato das escolas particulares), Roberto Prado diz que a tendência está aumentando. "As escolas descobriram que há muitas maneiras de estimular o raciocínio das crianças, e o xadrez é uma delas." No mês passado, o sindicato promoveu cursos de atualização profissional -o jogo estava entre os temas.
Já no Colégio Magno, na zona sul, o jogo é adotado há oito anos de duas formas: como recurso pedagógico nas aulas de matemática e como atividade opcional. "Propomos problemas baseados no xadrez e os alunos precisam apontar as soluções", diz Estela Milani, coordenadora de matemática.
Quando ficam um pouco maiores, conta, muitos jogam em casa, no computador. É isso o que faz Klaus Gotg, 10, da 4ª série, vencedor de vários campeonatos. "Jogo on-line todo dia. Aprendi na escola e comecei a treinar. O jogo envolve a mente." Neste mês, os estudantes estão participando de um torneio dentro da escola.
Na Stance Dual, no centro, o jogo está presente desde 1997 e é obrigatório da educação infantil até o 4º ano do fundamental. A partir daí, se torna facultativo. "As crianças sabem que têm aulas de xadrez e que precisam participar. Nunca tivemos problema com alguma que não gostasse do jogo, mas há quem tenha resistência por não gostar de perder", diz Sandra Guidi, professora de xadrez do colégio. "Com essas, trabalhamos o espírito esportivo."
Obrigar um aluno a jogar xadrez, para Maria Ângela Carneiro, da Faculdade de Educação da PUC-SP, pode ser contraditório. "Acho muito interessante a escola ensinar a jogá-lo, mas acho uma contradição obrigar os alunos a participarem de uma atividade lúdica", diz. "O jogo não pode ser visto como uma obrigação."
O xadrez não invadiu só as escolas particulares de São Paulo. Na rede municipal, 25 mil estudantes praticam o jogo. A atividade começou em 1994. Na rede estadual, o xadrez ainda não foi adotado como prática pedagógica.


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