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Xadrez vira moda nas escolas de São Paulo
Colégios particulares
passaram a adotar
o jogo como meio
de desenvolver
raciocínio lógico e
estimular a
concentração
Na rede municipal, 25 mil
estudantes praticam o jogo;
Estado diz que xadrez ainda
não foi adotado como
prática pedagógica
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Judô, balé, natação, música
e... xadrez. A temporada de matrículas está aberta e, para tentar atrair os pais, colégios particulares de São Paulo oferecem
cada vez mais cursos extracurriculares. A moda, agora, são
aulas de xadrez. Instrumento
de marketing ou não, o bom é
que o jogo é unanimidade entre
os educadores: desenvolve o raciocínio lógico, estimula a concentração e ensina os estudantes a ganhar e a perder.
Um dos primeiros a oferecer
xadrez, o Colégio Augusto Laranja, na zona sul, adota o jogo
há 17 anos como atividade optativa e decidiu que, a partir do
ano que vem, ele será obrigatória para alunos do 2º ao 6º anos
do ensino fundamental.
"O jogo é um poderoso instrumento pedagógico e desenvolve aspectos importantes da
aprendizagem, como atenção,
concentração, raciocínio lógico-matemático, julgamento,
planejamento, imaginação, autocontrole, perseverança, capacidades fundamentais no desenvolvimento da criança e do
jovem", diz Rosa Costa, diretora institucional da escola. "Então, resolvemos adotá-lo como
atividade obrigatória."
Diretor do Sieeesp (sindicato
das escolas particulares), Roberto Prado diz que a tendência
está aumentando. "As escolas
descobriram que há muitas
maneiras de estimular o raciocínio das crianças, e o xadrez é
uma delas." No mês passado, o
sindicato promoveu cursos de
atualização profissional -o jogo estava entre os temas.
Já no Colégio Magno, na zona sul, o jogo é adotado há oito
anos de duas formas: como recurso pedagógico nas aulas de
matemática e como atividade
opcional. "Propomos problemas baseados no xadrez e os
alunos precisam apontar as soluções", diz Estela Milani, coordenadora de matemática.
Quando ficam um pouco
maiores, conta, muitos jogam
em casa, no computador. É isso
o que faz Klaus Gotg, 10, da 4ª
série, vencedor de vários campeonatos. "Jogo on-line todo
dia. Aprendi na escola e comecei a treinar. O jogo envolve a
mente." Neste mês, os estudantes estão participando de um
torneio dentro da escola.
Na Stance Dual, no centro, o
jogo está presente desde 1997 e
é obrigatório da educação infantil até o 4º ano do fundamental. A partir daí, se torna facultativo. "As crianças sabem
que têm aulas de xadrez e que
precisam participar. Nunca tivemos problema com alguma
que não gostasse do jogo, mas
há quem tenha resistência por
não gostar de perder", diz Sandra Guidi, professora de xadrez
do colégio. "Com essas, trabalhamos o espírito esportivo."
Obrigar um aluno a jogar xadrez, para Maria Ângela Carneiro, da Faculdade de Educação da PUC-SP, pode ser contraditório. "Acho muito interessante a escola ensinar a jogá-lo, mas acho uma contradição obrigar os alunos a participarem de uma atividade lúdica", diz. "O jogo não pode ser
visto como uma obrigação."
O xadrez não invadiu só as
escolas particulares de São
Paulo. Na rede municipal, 25
mil estudantes praticam o jogo.
A atividade começou em 1994.
Na rede estadual, o xadrez ainda não foi adotado como prática pedagógica.
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