São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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Policial é morto em tiroteio no Itaim Bibi

Criminosos tentaram invadir casa suspeita de patrocinar jogos de azar, quando o policial e um vigia, que foram feridos, reagiram

Tiroteio, em bairro nobre de São Paulo, ocorreu durante a madrugada e causou pânico entre pedestres e motoristas no local

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um policial civil foi morto a tiros e um vigia ficou ferido ontem de madrugada após reagirem a uma tentativa de assalto a uma suposta casa clandestina de jogos de azar no Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. Oito criminosos que participaram da ação fugiram.
Testemunhas relataram à Folha que à 1h30 a rua Clodomiro Amazonas, em frente ao Clube Atlético Paradise, se tornou uma "praça de guerra" com a troca de tiros. Mais de dez disparos foram ouvidos e causou pânico em motoristas, clientes de um supermercado 24 horas, freqüentadores de bares e moradores dos prédios vizinhos.
Uma bala acertou o apartamento de uma mulher, mas ninguém se feriu (leia texto ao lado). Onze carros também foram atingidos por balas.
Os criminosos, que estavam em duas motos, ainda abordaram dois motoristas num sinal para roubarem seus carros e fugir. Os veículos foram achados depois. Um bandido teria sido atingido pelo policial, mas até a conclusão desta edição ninguém foi preso. Imagens externas feitas por câmeras de TV da Paradise serão analisadas.
"Acordei com os tiros. Fui à janela e vi gente correndo para escapar dos disparos. Foi uma cena horrível ver o corpo do policial. Nunca vi isso na minha cidade", disse a aposentada Sueli Latansio Dell Agnolo, 54, que veio de Piraju (328 km da capital) para cuidar da neta de 1 ano que mora com a filha num prédio próximo. "Funcionários do Pão de Açúcar [supermercado que funciona 24 horas] abaixaram as portas com medo."

Sete tiros
Douglas Pereira dos Santos, 42, investigador da delegacia de estelionatos do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime organizado), morreu após levar sete tiros pelas costas quando tentou impedir a entrada de quatro dos oito assaltantes ao Paradise.
Extraoficialmente, policiais civis que investigam o caso também disseram que Santos fazia "bico" como segurança, possivelmente do Paradise. O Deic descarta essa hipótese. A prática do "bico" é vetada pela instituição. Apesar disso, a Corregedoria da Polícia Civil vai apurar o que ele fazia no local.
De acordo com o boletim de ocorrência feito no 15º Distrito Policial, Santos deixou sua moto no estacionamento 24 horas do outro lado da rua, em frente ao Paradise. Ele conversava com um amigo quando foi avisado pelo vigilante da casa Edgard Aparecido Ferreira, 38, sobre a tentativa de assalto.
O estabelecimento tinha sido lacrado pela Subprefeitura de Pinheiros em 29 de junho. Dois blocos de concreto impediam a entrada de carros. O motivo: falta de alvará de funcionamento. Testemunhas, porém, disseram à Folha que ali funcionava uma casa de carteado clandestina, aberta sempre às 19h.
A presença de pessoas com dinheiro, segundo testemunhas, teria chamado a atenção dos criminosos. Ferreira, que estava desarmado e foi baleado quando fugia, negou que a casa estivesse aberta com clientes.
A Polícia Civil procura os criminosos e apura a denúncia. "Dentro da casa, encontramos mesas com forro verde para se jogar cartas. Vamos investigar se ali havia jogos de azar", disse o delegado Reinaldo Castello.
Ontem, a subprefeitura multou o Paradise em R$ 1 mil e emparedou a entrada porque a casa teria rompido o lacre que proíbe o local de reabrir.
Procurado para comentar o assunto, Hemogenes Batista Santos Jr., responsável pelo estabelecimento, negou que a casa funcionasse. Afirmou também que o segurança protegia o patrimônio de vândalos.
"Tentaram entrar porque tem coisas [computadores] dentro. Era uma casa de Texas Hold'em [versão do jogo de pôquer] fechada a espera de documentos para abrir novamente."


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