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Royalties do petróleo não melhoram educação no Rio
9 cidades que mais obtêm recursos não se destacam de outras do Sudeste, diz estudo
Pesquisa da Universidade Candido Mendes levou em conta o desempenho de escolas no Ideb e o número de docentes com nível superior
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Se o país realmente quiser
utilizar recursos da exploração
de petróleo na camada pré-sal
para investir em educação, como tem defendido o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, seria
prudente, antes, analisar com
lupa os resultados das cidades
que mais recebem royalties de
petróleo em todo o Brasil.
Um estudo da Universidade
Candido Mendes mostra que
no Rio de Janeiro -Estado que
mais recebe royalties no país-
os indicadores de qualidade e
de infra-estrutura nas escolas
dos nove municípios mais agraciados com recursos do petróleo em nada se destacam em relação a escolas do Sudeste.
A pesquisa, de Gustavo Givisiez e Elzira Oliveira, será apresentada no 16º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, que começa no final do
mês. O estudo aponta que, na
média, os royalties não fizeram
diferença até 2006, quando se
analisa o conjunto de escolas de
Quissamã, Rio das Ostras, Carapebus, Macaé, Casimiro de
Abreu, Búzios, Campos dos
Goytacazes, São João da Barra
e Cabo Frio -cidades do Rio.
No trabalho, Givisiez e Oliveira compararam dados de infra-estrutura (computadores e
bibliotecas, por exemplo), professores com nível superior e
desempenho das escolas no
Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Foi verificado que, mesmo
com recursos significativos de
royalties nos últimos dez anos,
as escolas dessas cidades não se
destacaram em relação às demais ao se comparar a evolução
de índices entre 2000 e 2006.
O estudo não destaca a situação de cada município separadamente, mas uma análise da
Folha só nos resultados do
Ideb, de 2005 a 2007, mostra
avanços em determinadas cidades, entre as 20 que mais receberam royalties no país em
2007. Outras, no entanto, estagnaram ou pioraram.
O Ideb é um indicador do
MEC que avalia a educação pelas taxas de aprovação e pelo
desempenho dos alunos em
português e matemática.
Rio das Ostras (170 km do
Rio), por exemplo, avançou de
2005 a 2007 em ritmo superior
à média das cidades do Estado.
A rede de educação municipal de Rio das Ostras ficou entre as que mais evoluíram e foi a
terceira melhor do Estado nos
anos iniciais do ensino fundamental (da primeira à quarta
série). Nas séries finais (da
quinta à oitava), a rede de ensino ficou na quarta posição.
Já Cabo Frio ainda não traduziu em melhoria da qualidade os recursos dos royalties de
petróleo. Em 2007, foi a terceira cidade do país em royalties.
Nas séries iniciais do ensino
fundamental, o avanço foi de
0,1 ponto no Ideb (em Rio das
Ostras, foi de 0,9), o que põe
Cabo Frio no 55º lugar entre as
91 cidades comparadas no Estado. Nas séries finais, o desempenho piorou 0,2 ponto no
Ideb. Com isso, Cabo Frio ficou
em 35ª lugar entre 83 cidades
com resultados nessas séries.
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