São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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FERNANDO BARBOSA LIMA (1933-2008)

Criatividade do tempo preto-e-branco

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tinha 22 anos e via televisão. Sentado no chão de casa, Fernando Barbosa Lima ficou pasmo com a pouca criatividade do programa musical e decidiu escrever o seu. Preparou uma sinopse dividida por Estados e levou ao diretor da empresa patrocinadora. Teve o aval e logo o sucesso, ao dirigir o primeiro de muitos programas na TV Rio -faria quase cem deles em meio século de telinha.
Dizia que a TV em preto-e-branco foi uma escola. Lá começou a lapidar sua filosofia televisiva, de que, "se a idéia é boa, você consegue emplacar". Agora, "se continuar copiando o que já existe, aí não vai chegar a lugar algum".
Pensando assim, criou programas consagrados, como o "Jornal de Vanguarda", o "Abertura" (que falava de política em plena ditadura), o "Cara a Cara" (que trouxe o formato de entrevista de Marília Gabriela) e o "Sem Censura", além de dirigir emissoras como Tupi e Excelsior.
O que ele fez, copiaram -o que julgava natural. "Não via o passado, mas só o futuro", diz a viúva. Ele, carioca do Leme, com sua camisa azul, seu jeans gasto e sua barba branca, seguia com sua produtora, ignorando a reputação que angariou assim como fez com a do pai, o jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
Morreu no dia 5, aos 74, de falência múltipla dos órgãos, deixando uma filha, três netos, o livro "Nossas Câmeras São Seus Olhos" (uma autobiografia de homem de televisão) e parte do que se vê, ainda hoje, na TV brasileira.

obituario@folhasp.com.br



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