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FERNANDO BARBOSA LIMA (1933-2008)
Criatividade do tempo preto-e-branco
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tinha 22 anos e via televisão. Sentado no chão de casa,
Fernando Barbosa Lima ficou pasmo com a pouca criatividade do programa musical e decidiu escrever o seu.
Preparou uma sinopse dividida por Estados e levou ao
diretor da empresa patrocinadora. Teve o aval e logo o
sucesso, ao dirigir o primeiro
de muitos programas na TV
Rio -faria quase cem deles
em meio século de telinha.
Dizia que a TV em preto-e-branco foi uma escola. Lá começou a lapidar sua filosofia
televisiva, de que, "se a idéia
é boa, você consegue emplacar". Agora, "se continuar copiando o que já existe, aí não
vai chegar a lugar algum".
Pensando assim, criou
programas consagrados, como o "Jornal de Vanguarda",
o "Abertura" (que falava de
política em plena ditadura),
o "Cara a Cara" (que trouxe o
formato de entrevista de Marília Gabriela) e o "Sem Censura", além de dirigir emissoras como Tupi e Excelsior.
O que ele fez, copiaram -o
que julgava natural. "Não via
o passado, mas só o futuro",
diz a viúva. Ele, carioca do
Leme, com sua camisa azul,
seu jeans gasto e sua barba
branca, seguia com sua produtora, ignorando a reputação que angariou assim como
fez com a do pai, o jornalista
Barbosa Lima Sobrinho.
Morreu no dia 5, aos 74, de
falência múltipla dos órgãos,
deixando uma filha, três netos, o livro "Nossas Câmeras
São Seus Olhos" (uma autobiografia de homem de televisão) e parte do que se vê,
ainda hoje, na TV brasileira.
obituario@folhasp.com.br
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