São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Clientes do Itaú recorrem a detetive para recuperar joias

Três empresas de segurança, três de inteligência e diversas agências são contratadas pelas vítimas do assalto a banco

Diamantes africanos, esmeraldas colombianas e estojo prussiano cravejado de rubis estão entre objetos roubados

CRISTINA MORENO DE CASTRO

DE SÃO PAULO

Ao menos três empresas de segurança, três de inteligência privada internacional e diversas agências de detetive foram contratadas por clientes que tiveram cofres roubados no Itaú da av. Paulista.
O crime, ocorrido em 27 e 28 de agosto, é tido como um dos maiores assaltos a banco do país. As empresas privadas dizem tentar recuperar dinheiro e joias sem interferir no trabalho da polícia.

PEDRAS, OURO, EURO...
A Folha apurou que os conteúdos de apenas dois cofres arrombados valem, juntos, cerca de R$ 12 milhões.
Num deles havia, por exemplo, um estojo feito no século 18, na Prússia, de prata com marfim, cravejado de rubis e brilhantes. Dentro, 33 diamantes brutos, do tamanho de bolas de gude, vindos de garimpos africanos e brasileiros. O estojo prussiano foi comprado num leilão em Nova York há 20 anos.
Em um outro estojo, de madeira com prata, havia 58 esmeraldas colombianas, com lapidações diferentes, alto grau de pureza e variando, cada uma, de 1 a 3 quilates.
Também havia uma coleção com 143 Rolex de ouro, um estojo com 50 diamantes lapidados somando 100 quilates, peças da Tiffany de rubis e brilhantes, lapidados na década de 1930, uma barra de ouro de um quilo, além de US$ 700 mil e € 300 mil.
A RCI First Security and Intelligence Advising, uma das empresas contratadas para rastrear os bens roubados, com sede em Nova York, já contatou 141 lapidadores, mais de 400 joalheiros, além de leiloeiros e antiquários de todo o mundo e mais de 50 doleiros paulistanos na tentativa de obter informações.
"A investigação deve ocorrer logo após o fato. Os ladrões somem rápido com tudo para evitar os rastros", afirma Ricardo Chilelli, diretor-presidente da empresa.
Por isso, como a polícia atrasou as investigações, ele aposta que parte dos objetos já esteja em mãos de receptadores, que pagam em média 30% do valor real das peças para os assaltantes e revendem por 75% a 80% do valor.
A esperança das empresas é que o consumidor final, ao procurar joalheiros, acabe reintegrando as joias ao mercado formal. Quando uma peça roubada é reconhecida, agências avisam a polícia para que haja a devolução.

EXTRAOFICIAL
Apesar de 170 cofres terem sido violados no assalto ao Itaú da avenida Paulista, poucos clientes registraram oficialmente a ocorrência.
Acredita-se que algumas das vítimas podem estar com medo de futuras extorsões por parte dos ladrões -como o acesso a boletins de ocorrência é público, os assaltantes podem descobrir quem são os donos das joias e pedir dinheiro para devolvê-las.
Uma outra possibilidade, de acordo com a polícia, é que nem todos os clientes conseguem (ou podem) comprovar a relação de bens roubados.


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