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Serra descarta cortes no combate à Aids
NOELLY RUSSO
da Reportagem Local
O ministro da Saúde, José Serra,
disse ontem que ainda não sabe
onde vai cortar o orçamento destinado à área. O corte na Saúde é
estimado em cerca de R$ 820 milhões e foi determinado pelo governo que tenta eliminar despesas
por conta da crise mundial.
Apesar de ter de gastar menos,
ele anunciou a liberação de R$ 300
milhões para a implementação de
novos programas para combater a
doença. Os programas serão voltados especialmente para mulheres e crianças e começam em 99.
Segundo Serra, metade desse dinheiro é de recursos do ministério
e a outra metade é do Banco Mundial. Ele disse que a verba já vinha
sendo negociada há algum tempo.
"Eu posso dizer onde eu não
cortar. No combate à Aids não vai
ser. Também não pretendo interromper nenhum programa de
combate às endemias."
O ministro disse que preferia
não comentar as decisões da equipe econômica.
Serra se mostrou alarmado com
os adolescentes. "Metade das internações de adolescentes é para
parto. São crianças de 10 a 14 anos.
Essa campanha é preventiva não
só para evitar a contaminação,
mas também para proporcionar
educação sexual."
As mulheres também estão na
mira. Segundo dados do ministério, em 94, para cada três homens
infectados com o vírus havia uma
mulher. No Estado de São Paulo, a
proporção já é de dois para uma.
"A tendência é que até o ano
2000 as mulheres se igualem para
ultrapassar os homens", disse.
Segundo ele, metade das mulheres contaminadas pelo HIV são
casadas e se dizem monogâmicas.
"Isso significa que elas são o
maior grupo de risco hoje. Além
do que, a mãe soropositiva pode
transmitir mais facilmente o vírus
para a criança."
As prostitutas, mulheres de baixa escolaridade, indígenas, garimpeiras e mulheres que vivem no
meio rural também foram consideradas prioridades para a confecção de novos materiais para campanha de prevenção.
Ainda dessa verba, o ministro
disse que devem sair recursos para
o aparelhamento de ambulatórios
para o tratamento de problemas
ginecológicos e doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo ele, também parte do
programa de prevenção será a instrução e aperfeiçoamento dos
agentes comunitários de saúde.
Eles passarão a integrar o programa de saúde da mulher e devem
chegar a cem mil até o final do
ano.
Serra disse ontem que o preço
dos remédios é alto no país e essa é
uma área que precisa receber mais
atenção do governo.
Segundo ele, o governo destinou
US$ 400 milhões para a compra de
medicamentos contra a Aids para
98. A verba não deve ser alterada.
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