São Paulo, terça, 15 de setembro de 1998

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Serra descarta cortes no combate à Aids

NOELLY RUSSO
da Reportagem Local

O ministro da Saúde, José Serra, disse ontem que ainda não sabe onde vai cortar o orçamento destinado à área. O corte na Saúde é estimado em cerca de R$ 820 milhões e foi determinado pelo governo que tenta eliminar despesas por conta da crise mundial.
Apesar de ter de gastar menos, ele anunciou a liberação de R$ 300 milhões para a implementação de novos programas para combater a doença. Os programas serão voltados especialmente para mulheres e crianças e começam em 99.
Segundo Serra, metade desse dinheiro é de recursos do ministério e a outra metade é do Banco Mundial. Ele disse que a verba já vinha sendo negociada há algum tempo.
"Eu posso dizer onde eu não cortar. No combate à Aids não vai ser. Também não pretendo interromper nenhum programa de combate às endemias."
O ministro disse que preferia não comentar as decisões da equipe econômica.
Serra se mostrou alarmado com os adolescentes. "Metade das internações de adolescentes é para parto. São crianças de 10 a 14 anos. Essa campanha é preventiva não só para evitar a contaminação, mas também para proporcionar educação sexual."
As mulheres também estão na mira. Segundo dados do ministério, em 94, para cada três homens infectados com o vírus havia uma mulher. No Estado de São Paulo, a proporção já é de dois para uma.
"A tendência é que até o ano 2000 as mulheres se igualem para ultrapassar os homens", disse.
Segundo ele, metade das mulheres contaminadas pelo HIV são casadas e se dizem monogâmicas. "Isso significa que elas são o maior grupo de risco hoje. Além do que, a mãe soropositiva pode transmitir mais facilmente o vírus para a criança."
As prostitutas, mulheres de baixa escolaridade, indígenas, garimpeiras e mulheres que vivem no meio rural também foram consideradas prioridades para a confecção de novos materiais para campanha de prevenção.
Ainda dessa verba, o ministro disse que devem sair recursos para o aparelhamento de ambulatórios para o tratamento de problemas ginecológicos e doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo ele, também parte do programa de prevenção será a instrução e aperfeiçoamento dos agentes comunitários de saúde. Eles passarão a integrar o programa de saúde da mulher e devem chegar a cem mil até o final do ano.
Serra disse ontem que o preço dos remédios é alto no país e essa é uma área que precisa receber mais atenção do governo.
Segundo ele, o governo destinou US$ 400 milhões para a compra de medicamentos contra a Aids para 98. A verba não deve ser alterada.



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