São Paulo, terça, 15 de setembro de 1998

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Acusado de matar prostituta é preso

ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão

A Polícia Civil de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo) prendeu ontem o empresário Pablo Russel Rocha, 24, sob acusação de arrastar até a morte a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 22, em uma camionete Pajero, na última sexta-feira. Selma estava grávida de três meses.
Rocha se apresentou ao setor de homicídios da Polícia Civil, às 9h, acompanhado do advogado Said Issa Hallah, e disse que Selma morreu em um "acidente". Quatro horas depois, saiu o mandado de prisão temporária contra ele.
Rocha foi visto sexta-feira, por volta das 3h, saindo com Selma de uma chácara de prostituição da cidade. Às 4h, a polícia encontrou o corpo da garota, desfigurado e sem um braço, na avenida Caramuru, zona sul da cidade.
No depoimento, segundo o delegado Samuel Antônio Zanferdini, que investiga o caso, o empresário afirmou que a garota de programa morreu porque ficou "enroscada" no cinto de segurança.
Hallah confirmou que Rocha pegou Selma na chácara. "No caminho de volta à cidade, ele decidiu ir para casa e ela queria rodar com o carro. Depois, a garota resolveu ficar no anel viário."
No momento em que foi sair do carro, segundo a defesa, Selma se prendeu ao cinto. O motorista não teria percebido o barulho porque estava com o som alto.
"Ele só parou a camionete quando a disqueteira mudou o CD e houve silêncio", disse Hallah.
Rocha não deu entrevista ontem. O depoimento dele durou três horas. Rocha saiu escoltado, com a cabeça coberta por uma camisa, direto para o anexo prisional ao lado do prédio da delegacia.
O prédio onde funciona a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), no centro, foi cercado em seguida por aproximadamente 300 pessoas, conforme estimativa da Polícia Militar. Houve pelo menos uma tentativa de invasão, contida por investigadores. O empresário responde a inquérito por homicídio duplamente qualificado.
Para a polícia, além de matar, ele teria sido cruel e cometido o delito por motivo fútil. Os agravantes podem aumentar a pena, em caso de condenação.
Segundo o Instituto de Criminalística, a vítima foi arrastada amarrada ao veículo por 2,5 quilômetros, durante quase 1 hora.
O suposto assassino ficará preso por 20 dias, enquanto prosseguem as investigações.
A camionete que ele dirigia foi apresentada ontem para perícia, lavada, e com um dos pneus -o traseiro, do lado do passageiro- trocado. "Faremos um trabalho em conjunto com o médico que examinou o corpo da moça para saber o que aconteceu", disse Carlos Alberto Vieira Sampaio, diretor técnico do Núcleo de Perícia Criminalística de Ribeirão Preto.
Esta semana, a polícia deve marcar a data para a reconstituição do crime.



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