São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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Associação de bares faz protesto contra lei antifumo em SP

Manifestação ocorreu durante uma audiência pública na Assembléia para debater veto ao cigarro em áreas públicas

Reunião chegou a ser suspensa por cinco minutos; um dos manifestantes disse ter recebido promessa de dinheiro para ir ao local

Patricia Stavis/Folha Imagem
Manifestantes em audiência na Assembléia que debateu o projeto que proíbe fumo em lugares fechados

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apoiados por uma claque, representantes de bares, hotéis e restaurantes organizaram ontem um protesto na Assembléia Legislativa contra o projeto de lei que proíbe fumo em lugares fechados no Estado. O ato ocorreu durante a audiência pública que debateu a proposta.
A reunião chegou a ser suspensa por cinco minutos -o presidente da comissão de Saúde, Adriano Diogo (PT), se irritou ao ser xingado por alguns manifestantes. Ele foi um dos que presidiram a reunião. "Nunca me senti tão incomodado em presidir uma audiência. Se pudesse, eu iria embora agora", disse ao microfone.
Antes, o protesto já havia forçado a reunião a mudar de lugar, de um salão para 50 pessoas para outro com espaço para 252 -quem havia ficado de fora protestou, o que motivou a ida para um espaço maior. Havia cerca de 200 presentes.

Claque
Com a mudança, houve atraso no início das manifestações e parte dos convidados a discursar não conseguiu. Uma nova audiência foi prometida para continuar o assunto.
O mesmo grupo contra o projeto -com mais de 60 pessoas de camisetas- levou um carro de som para uma das entradas da Assembléia. "Vamos fazer vigília permanente para ver quem vota a favor do projeto", dizia um orador aos deputados.
Entre os uniformizados estava o desempregado Valdo Raimundo, 56, que disse não saber o que significava o "Basta!" em sua camiseta. "Eu não entendo nada disso." Ele revelou à Folha a razão de estar ali: mesmo sem saber o teor da discussão, foi à Assembléia pois recebeu promessa de pagamento em dinheiro. Raimundo, a propósito, declarou ser contrário ao fumo em locais fechados -embora estivesse ali justamente para defender o outro lado.

Mudança de lado
Os manifestantes chegaram a aplaudir, por engano, o deputado Uebe Rezeck (PMDB), defensor do projeto de lei que veta o cigarro. Advertidos por uma espécie de organizador de torcida, se deram conta do "erro", mudaram de lado e começaram a vaiar o deputado.
O presidente da Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo), Nelson de Abreu, disse desconhecer se houve o pagamento de apoiadores. "Ninguém foi contratado, que eu saiba. É uma audiência pública, você vai para manifestar sua posição. São trabalhadores da área que não querem perder emprego." A entidade teme que a aprovação da lei cause desemprego -a lei seca já provocou perda de empregos, dizem- e sustenta que uma lei federal permite os fumódromos.
O projeto deve entrar na pauta de votação no dia 21. O presidente da Casa, Vaz de Lima (PSDB), que não foi à audiência, disse não pretender fazer uma nova discussão pública. O veto ao fumo é um projeto do governador José Serra (PSDB).
O tucano Fernando Capez, presidente da comissão de Constituição e Justiça da Assembléia e que também presidiu a audiência, repetiu a sua opinião sobre a inconstitucionalidade da proposta.


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