São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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Atlética da Unifesp é acusada de racismo por órgão municipal

Coordenadoria da Prefeitura de Guarulhos entrou com representação na Promotoria por causa de piadas em jornal

Reportagem não conseguiu localizar ontem estudantes responsáveis pela publicação, que circulou no final de agosto

FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Coordenadoria da Mulher e da Igualdade Racial, órgão da Prefeitura de Guarulhos, acusa a atlética do curso de medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de promover racismo e discriminação sexual em uma publicação editada pela entidade. A reportagem não conseguiu falar com ninguém da atlética ontem, cujo campus fica na Vila Clementino (zona sul de SP).
A coordenadoria já havia entrado há algumas semanas com uma representação no Ministério Público do Estado de São Paulo contra a agremiação acadêmica por causa do jornal "O Menisco - Intermed 2008", que circulou no final de agosto. A representação resultou na instauração de um inquérito civil.
Hoje à tarde, a coordenadora do órgão municipal, Edna Maria Santos Roland, irá -acompanhada de representantes de organizações do movimento negro e de mulheres- ao Ministério Público entregar um exemplar original da publicação, para que também seja instaurado um inquérito criminal.
A publicação, à qual a Folha teve acesso, tem 69 páginas e reproduz 29 piadas contra negros retiradas de um site, cujo endereço também é publicado logo abaixo da frase "Diga NÃO ao racismo".
Algumas páginas do jornal trazem também piadas contra mulheres e fotos de órgãos femininos que fazem alusão a sanduíches. "Essas imagens são ofensivas à dignidade da mulher", afirma Roland, que foi coordenadora de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial da Unesco e relatora-geral da 3ª Conferência da ONU contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, ocorrida na África do Sul em 2001.
"Nossa representação visa responsabilizar a associação da atlética e esperamos que o Ministério Público consiga identificar as pessoas responsáveis pela publicação, para que respondam por isso", diz Roland.
A publicação foi feita pela atlética da medicina e uma cópia foi entregue ao Centro de Referência de Cultura Negra e Igualdade Racial Xikelela, da Prefeitura de Guarulhos, onde também há um campus.
"Foi um susto muito grande quando vimos o jornal, ainda mais porque os autores são pessoas de nível universitário", afirma Cleyton Borges, advogado da ONG Educafro (que oferece cursinho pré-vestibular). "A publicação é uma forma escancarada de racismo", diz.
A reportagem procurou ontem no início da noite a Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto por telefone, mas não conseguiu localizar nenhum dirigente.
A assessoria de imprensa da Unifesp disse que, por ser uma publicação da atlética, não poderia se pronunciar.
Além de Guarulhos e da cidade de São Paulo, a Unifesp também tem campi na Baixada Santista, em São José dos Campos e em Diadema. Em seu vestibular, a instituição adota cotas para candidatos negros, pardos ou indígenas, que tenham cursado todo o ensino médio na rede pública.



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