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Atlética da Unifesp é acusada de racismo por órgão municipal
Coordenadoria da Prefeitura de Guarulhos entrou com
representação na Promotoria por causa de piadas em jornal
Reportagem não conseguiu
localizar ontem estudantes
responsáveis pela
publicação, que circulou
no final de agosto
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Coordenadoria da Mulher
e da Igualdade Racial, órgão da
Prefeitura de Guarulhos, acusa
a atlética do curso de medicina
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de promover racismo e discriminação sexual em uma publicação editada pela entidade. A reportagem
não conseguiu falar com ninguém da atlética ontem, cujo
campus fica na Vila Clementino (zona sul de SP).
A coordenadoria já havia entrado há algumas semanas com
uma representação no Ministério Público do Estado de São
Paulo contra a agremiação acadêmica por causa do jornal "O
Menisco - Intermed 2008", que
circulou no final de agosto. A
representação resultou na instauração de um inquérito civil.
Hoje à tarde, a coordenadora
do órgão municipal, Edna Maria Santos Roland, irá -acompanhada de representantes de
organizações do movimento
negro e de mulheres- ao Ministério Público entregar um
exemplar original da publicação, para que também seja instaurado um inquérito criminal.
A publicação, à qual a Folha
teve acesso, tem 69 páginas e
reproduz 29 piadas contra negros retiradas de um site, cujo
endereço também é publicado
logo abaixo da frase "Diga NÃO
ao racismo".
Algumas páginas do jornal
trazem também piadas contra
mulheres e fotos de órgãos femininos que fazem alusão a
sanduíches. "Essas imagens
são ofensivas à dignidade da
mulher", afirma Roland, que
foi coordenadora de Combate
ao Racismo e à Discriminação
Racial da Unesco e relatora-geral da 3ª Conferência da ONU
contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a
Intolerância Correlata, ocorrida na África do Sul em 2001.
"Nossa representação visa
responsabilizar a associação da
atlética e esperamos que o Ministério Público consiga identificar as pessoas responsáveis
pela publicação, para que respondam por isso", diz Roland.
A publicação foi feita pela
atlética da medicina e uma cópia foi entregue ao Centro de
Referência de Cultura Negra e
Igualdade Racial Xikelela, da
Prefeitura de Guarulhos, onde
também há um campus.
"Foi um susto muito grande
quando vimos o jornal, ainda
mais porque os autores são
pessoas de nível universitário",
afirma Cleyton Borges, advogado da ONG Educafro (que oferece cursinho pré-vestibular).
"A publicação é uma forma escancarada de racismo", diz.
A reportagem procurou ontem no início da noite a Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto por telefone, mas
não conseguiu localizar nenhum dirigente.
A assessoria de imprensa da
Unifesp disse que, por ser uma
publicação da atlética, não poderia se pronunciar.
Além de Guarulhos e da cidade de São Paulo, a Unifesp também tem campi na Baixada
Santista, em São José dos Campos e em Diadema. Em seu vestibular, a instituição adota cotas para candidatos negros,
pardos ou indígenas, que tenham cursado todo o ensino
médio na rede pública.
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