|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por ciúmes, jovem mantém ex-namorada refém por 35 h
Invasão à casa de garota começou às 13h30 de 2ª e já durava 35 h até a conclusão desta edição
Rapaz atirou três vezes na direção dos policiais e das pessoas que acompanhavam as negociações, mas ninguém foi ferido
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Um rapaz invadiu na tarde de
anteontem a casa da sua ex-namorada, em Santo André
(ABC), fazendo a adolescente e
mais três colegas, todos de 15
anos, reféns. Lindemberg Fernandes Alves, 22, ainda mantinha, no início da madrugada de
hoje, a ex-namorada sob a mira
de uma arma, em um crime que
já se arrastava por 35 horas.
Bastante nervoso, o rapaz
chegou a atirar por três vezes
na direção dos policiais, mas
ninguém se feriu. Segundo a
polícia, ele tem um revólver e
um saco cheio de balas. "Ele
tem uma postura suicida-homicida", descreveu o capitão
Adriano Giovanini, da PM.
Às 18h50, o criminoso alternava seu estado de ânimo, ora
dizendo à polícia que iria se entregar, ora que iria matar Eloá
Cristina Pimentel, sua ex-namorada, e Nayara Rodrigues da
Silva, a amiga dela.
Os amigos Vitor Lopes e Iago
já haviam sido liberados na noite de anteontem - um deles levou coronhadas do criminoso.
A menina Nayara foi libertada
por volta das 22h45.
Levada a um hospital, Nayara
passa bem. Segundo um policial, não há sinais de violência.
Para os parentes das vítimas
e para a polícia, o crime foi motivado por ciúmes e pelo fim do
relacionamento. Segundo familiares, eles namoraram por
três anos e terminaram há um
mês, por iniciativa dele. Ela teria se recusado a reatar.
Nayara havia sido liberada
por Alves no início da tarde,
mas se recusou a deixar a amiga
com ele. "Falei com a Nayara
por telefone, pedi para ela sair,
mas ela não quis", disse a avó
dela, Neusa Rodrigues.
Alves invadiu o apartamento
de Eloá às 13h30 de anteontem.
Os quatro jovens, que estavam
estudando, foram rendidos e
trancados em um quarto. Eloá
mora com os pais e dois irmãos,
mas nenhum deles estava em
casa quando Alves entrou.
A PM só foi acionada às
20h30 de anteontem, depois
que parentes sentiram a falta
dos amigos de Eloá. Para impedir a entrada dos policiais, Alves trancou a porta do apartamento, que ocupa o segundo
andar de um bloco de cinco pavimentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), no Jardim Santo André, bairro na periferia da cidade.
"Assim que ele entrou, mostrou a arma e perguntou o que
eu e o Iago fazíamos na casa da
Eloá. Ele nos deu coronhadas
na cabeça. Ele é bem ciumento", afirmou Vitor, o primeiro
refém a ser libertado, às 21h de
anteontem. "Ele me soltou porque viu que eu estava nervoso."
Depois de Vitor, Iago foi solto
às 22h, uma hora depois.
A única exigência que Alves
fez durante as negociações foi
pedir à PM créditos para recarregar telefones celulares. Por
telefone, ele conversou com familiares das vítimas, afirmou
que iria libertar as duas e depois se render.
Policiais do Grupo de Ações
Táticas Especiais, da Força Tática e policiais civis negociavam
a rendição do jovem. Às 16h, a
luz do apartamento foi cortada,
mas voltou à noite.
"Meu irmão não é bandido. É
trabalhador. Ele estava com depressão após o fim do namoro e
fez uma loucura", disse a cozinheira Francimar Alves, 35.
Lindemberg tem o ensino
médio e é auxiliar de produção
na fábrica da Bombril. À noite,
trabalha como entregador.
Texto Anterior: Foco: Congresso orientará dentistas a denunciar violência contra crianças Próximo Texto: Frase Índice
|