São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008

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Por ciúmes, jovem mantém ex-namorada refém por 35 h

Invasão à casa de garota começou às 13h30 de 2ª e já durava 35 h até a conclusão desta edição

Rapaz atirou três vezes na direção dos policiais e das pessoas que acompanhavam as negociações, mas ninguém foi ferido

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"


Um rapaz invadiu na tarde de anteontem a casa da sua ex-namorada, em Santo André (ABC), fazendo a adolescente e mais três colegas, todos de 15 anos, reféns. Lindemberg Fernandes Alves, 22, ainda mantinha, no início da madrugada de hoje, a ex-namorada sob a mira de uma arma, em um crime que já se arrastava por 35 horas.
Bastante nervoso, o rapaz chegou a atirar por três vezes na direção dos policiais, mas ninguém se feriu. Segundo a polícia, ele tem um revólver e um saco cheio de balas. "Ele tem uma postura suicida-homicida", descreveu o capitão Adriano Giovanini, da PM.
Às 18h50, o criminoso alternava seu estado de ânimo, ora dizendo à polícia que iria se entregar, ora que iria matar Eloá Cristina Pimentel, sua ex-namorada, e Nayara Rodrigues da Silva, a amiga dela.
Os amigos Vitor Lopes e Iago já haviam sido liberados na noite de anteontem - um deles levou coronhadas do criminoso. A menina Nayara foi libertada por volta das 22h45.
Levada a um hospital, Nayara passa bem. Segundo um policial, não há sinais de violência.
Para os parentes das vítimas e para a polícia, o crime foi motivado por ciúmes e pelo fim do relacionamento. Segundo familiares, eles namoraram por três anos e terminaram há um mês, por iniciativa dele. Ela teria se recusado a reatar.
Nayara havia sido liberada por Alves no início da tarde, mas se recusou a deixar a amiga com ele. "Falei com a Nayara por telefone, pedi para ela sair, mas ela não quis", disse a avó dela, Neusa Rodrigues.
Alves invadiu o apartamento de Eloá às 13h30 de anteontem. Os quatro jovens, que estavam estudando, foram rendidos e trancados em um quarto. Eloá mora com os pais e dois irmãos, mas nenhum deles estava em casa quando Alves entrou.
A PM só foi acionada às 20h30 de anteontem, depois que parentes sentiram a falta dos amigos de Eloá. Para impedir a entrada dos policiais, Alves trancou a porta do apartamento, que ocupa o segundo andar de um bloco de cinco pavimentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), no Jardim Santo André, bairro na periferia da cidade.
"Assim que ele entrou, mostrou a arma e perguntou o que eu e o Iago fazíamos na casa da Eloá. Ele nos deu coronhadas na cabeça. Ele é bem ciumento", afirmou Vitor, o primeiro refém a ser libertado, às 21h de anteontem. "Ele me soltou porque viu que eu estava nervoso." Depois de Vitor, Iago foi solto às 22h, uma hora depois.
A única exigência que Alves fez durante as negociações foi pedir à PM créditos para recarregar telefones celulares. Por telefone, ele conversou com familiares das vítimas, afirmou que iria libertar as duas e depois se render.
Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais, da Força Tática e policiais civis negociavam a rendição do jovem. Às 16h, a luz do apartamento foi cortada, mas voltou à noite.
"Meu irmão não é bandido. É trabalhador. Ele estava com depressão após o fim do namoro e fez uma loucura", disse a cozinheira Francimar Alves, 35.
Lindemberg tem o ensino médio e é auxiliar de produção na fábrica da Bombril. À noite, trabalha como entregador.


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