São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2011 |
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Lençol de lixo hospitalar dos EUA é revendido no Brasil Loja em Pernambuco oferece material com nomes de instituições americanas Roupa de cama é semelhante à que foi encontrada em dois contêineres onde havia também seringa usada
FÁBIO GUIBU ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE (PE) Lençóis com nomes de hospitais dos EUA, semelhantes aos encontrados nesta semana pela Receita Federal no porto de Suape e classificados como lixo hospitalar, são vendidos por quilo em Santa Cruz do Capibaribe, a 205 km de Recife, em Pernambuco. A Receita apreendeu dois contêineres, na terça e na quinta, com 46 toneladas de resíduos hospitalares vindos dos EUA que eram descritos em documentos como "tecido de algodão com defeito". Nos compartimentos, no entanto, foram encontrados lençóis manchados de sangue e seringas entre outros. O material é proibido de entrar no país e oferece risco à saúde. Especialistas dizem que lençóis só podem ser reaproveitados após rigoroso processo de esterilização. Neste ano, a mesma importadora já havia trazido para Pernambuco outros seis carregamentos, que não foram retidos na fiscalização. SALDÃO NO AGRESTE A Folha esteve ontem na cidade do agreste pernambucano para onde seriam levados os detritos importados apreendidos. Lá, comprou na loja de tecidos e retalhos Império do Forro de Bolso, sem se identificar, nove lençóis. Três peças têm nomes de hospitais ou entidades americanas impressos no tecido. Uma tem a mesma origem de parte do material apreendido no porto, o Hospital Central Services Cooperative. No total, a Folha comprou 4,1 kg de lençóis, a R$ 10 o quilo. Funcionários da loja alegaram "problemas no sistema" para não entregar nota fiscal nem recibo. Depois de conversarem ao celular, eles fecharam o local. A loja fica em uma das principais avenidas de Santa Cruz do Capibaribe, cidade com 87,5 mil habitantes em 2010, segundo o IBGE. Os lençóis e fronhas estavam amontoados no chão. Tecidos para fazer forros de bolso eram vendidos, a R$ 8,75 o quilo. Várias peças das roupas de cama tinham manchas. Um dos lençóis comprados pela Folha traz a inscrição "Baltimore Washington Medical Center University of Mariland Medical System". Outro tem inscrição dizendo que não pode ser vendida: "Property - not for sale". Entre os lençóis sem inscrição, quatro têm etiquetas do fabricante. Dois deles são da americana Medline Industries Inc.. Há lençóis fabricados em outros países. Após verificar a mercadoria, às 11h20, a Folha voltou à loja, mas ela continuava fechada. À tarde, ninguém atendeu ao telefone. A Receita diz que visitará a cidade, mas não especificou a data. Próximo Texto: EUA enviam mais 14 contêineres suspeitos Índice | Comunicar Erros |
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