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ADMINISTRAÇÃO
Prefeito reduz recursos em 2,2%; para secretaria, necessidade de programa de alimentação deve crescer 35%
Pitta corta verba de merenda escolar
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Celso
Pitta (PT), cortou 2,2% da verba
destinada aos programas municipais de alimentação -entre eles,
o de merenda escolar- para 2001
em relação ao Orçamento de
2000. A medida contraria a própria Secretaria Municipal de
Abastecimento, que alertava para
um crescimento da necessidade
de refeições de cerca de 35% para
o ano que vem.
Segundo a assessoria da Secretaria de Abastecimento, os programas de alimentação foram responsáveis pelo fornecimento,
neste ano, de 1,4 milhão de refeições por dia, distribuídas em creches, escolas, centros desportivos,
supletivos e alguns hospitais municipais. Somente a merenda escolar representa aproximadamente 890 mil dessas refeições.
A expectativa, segundo cálculos
da secretaria que foram entregues
ao prefeito, é que a necessidade de
refeições/dia cresça para 1,9 milhão a partir do ano que vem. Essa
previsão foi feita com base em pedidos encaminhados pelas secretarias municipais.
A situação dos alunos da rede
municipal de ensino é a mais
preocupante. Segundo o secretário interino da Educação, Antonio
Carlos do Amaral Filho, serão
abertas em 2001 pelo menos 53
mil novas vagas: 23 mil no ensino
infantil e 30 mil no fundamental.
Pela proposta enviada por Pitta
-que reduz a verba de R$ 146 milhões, em 2000, para R$ 142,8 milhões, em 2001-, não há dinheiro
para aumentar as refeições oferecidas. "Com essa verba, só dá para
manter o que está sendo feito",
disse o secretário municipal do
Abastecimento, Jovelino Ferreira
Ribeiro, durante audiência pública na Câmara sobre o Orçamento
de 2001.
Ribeiro afirmou que havia pedido à Secretaria de Finanças R$
582,2 milhões para os programas
municipais de alimentação em
2001. Essa verba seria suficiente,
segundo o secretário, para suprir
o aumento da demanda e ainda
elevar a qualidade das refeições.
"Queríamos aumentar de 50 para 100 os tipos de produtos oferecidos nas refeições oferecidas",
disse Ribeiro. "A qualidade da
merenda reflete na diminuição da
evasão escolar."
A secretaria chegou a organizar
cerca de 30 tomadas de preços,
mas não vai poder realizar as
compras por falta de dinheiro.
Leve-leite
Da proposta feita por Ribeiro,
Pitta manteve apenas os R$ 90 milhões destinados ao Leve-leite,
programa implantado pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). O Leve-leite consome 63% da verba
dos programas municipais de alimentação.
Uma das consequências da falta
de verba para os programas pode
ser o fornecimento da chamada
"merenda seca" -bolacha e
pão- em vez de almoço ou jantar. Hoje, cerca de 30% do 1,4 milhão de refeições diárias são desse
tipo.
A proposta orçamentária encaminhada pelo prefeito está sendo
discutida na Câmara Municipal,
mas é pouco provável que ocorra
alguma modificação em relação
ao setor.
Uma das alternativas da prefeita
eleita Marta Suplicy (PT), se o
crescimento da demanda dos
programas de alimentação for
confirmado, é realizar uma suplementação orçamentária.
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