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Para psicólogo, lei não rege afeto
DA REPORTAGEM LOCAL
Osvaldo terá de reescrever a sua
história a partir da descoberta de
que ele é o Pedro procurado há 16
anos por seus pais biológicos. O
drama poderá ser pior se a Justiça
tratá-lo como um objeto que deve
ser devolvido ao dono.
Essas são algumas das conclusões de três especialistas ouvidos
pela Folha. Para eles, a tendência
natural é o adolescente se agarrar
aos elementos que constituem a
sua identidade -a família e o nome que está habituado a usar.
"Isso é um caldeirão de sentimentos", diz a psicoterapeuta
Maria Tereza Maldonado, autora
de 25 livros sobre questões familiares, entre os quais "Os Caminhos do Coração" (Editora Saraiva), que trata de adoção.
"A revelação súbita de uma nova origem gera na pessoa uma
sensação de irrealidade", afirma
Maria Tereza, para quem a mudança de nome é significativa. "A
consequência disso é profunda e
precisa de um acompanhamento
profissional."
O registro com o nome de Pedro é anterior ao de Osvaldo, que
foi considerado falso pela Justiça.
Isso, no entanto, não tem importância para a psicanalista Anna
Verônica Mautner. "Nome não é
essência. Tantas pessoas o mudam para se salvar. O problema é,
de repente, sentir-se numa situação falsa", afirma.
Osvaldo (ou Pedro) deve começar a rever a sua história pela mãe
adotiva. Na opinião de Anna Verônica, é nela que reside o mistério. "Estranha essa situação de engodo por amor. Por que ela o teria
sequestrado?"
Seja qual for a situação, para o
psicanalista Jorge Forbes a Justiça
está diante de uma situação sobre
a qual não se pode legislar. "Mesmo nos exames de DNA, o que se
consegue é reaver os direitos de
herança. É impossível devolver
Pedro como produto de um roubo, assim como exigir das leis o
domínio sobre o afeto", diz.
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