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BEBÊ SEQUESTRADO
Ezízio Barbosa diz que são absurdas as especulações de que a mãe adotiva de Pedrinho pode fugir
Advogado de acusada pedirá habeas corpus
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Acusada pela Polícia Civil do
Distrito Federal como responsável pelo sequestro de Pedrinho de
um hospital em Brasília, em janeiro de 1986, a mãe adotiva do garoto, Vilma Martins Costa, 47, não
quis ontem comentar o assunto.
O advogado Ezízio Barbosa informou que entraria com pedido
de habeas corpus preventivo na
Justiça de Brasília. "Não acredito
que seja decretada a prisão preventiva de dona Vilma. Ela tem
residência fixa, profissão definida
e bons antecedentes. E ela iria fugir com o menino para onde?"
Segundo Barbosa, o pedido é
mais uma resposta à sociedade.
"Até o passaporte dela vai acompanhar o pedido, para não ter
mais especulações. Hoje [ontem]
de manhã, ela saiu com o filho e
todo mundo começou a dizer que
tinha fugido. É um absurdo, ela
não tem prisão preventiva decretada e tem o direito de ir e vir."
Vilma não pode ser condenada
pelo eventual sequestro, já que o
crime prescreveu. Mas ela ainda
pode ser responsabilizada por
apresentar dados falsos ao registrar o garoto.
Para o advogado, depoimentos
que apontam a mãe adotiva como
responsável pelo sequestro não
são conclusivos. "Durante todo
esse tempo de inquérito, muitas
pessoas foram detidas, quase consideradas culpadas e não tinham
nada a ver com a história."
"Ela afirma categoricamente
"sou inocente e estou sendo crucificada", mesmo assim se coloca à
disposição da Justiça, só que não
foi ela quem pegou o bebê, e ela
não vai mentir", disse Barbosa.
Pedrinho é o único filho adotivo
do casal, mas os pais tiveram filhos de casamentos anteriores. O
pai, o funcionário aposentado da
Receita Federal Osvaldo Martins
Borges, morreu em 19 de outubro,
de câncer.
Segundo o advogado, Borges
trouxe o bebê para Vilma. "Quando a criança chegou às mãos de
dona Vilma, ela tinha sofrido o
quinto aborto. O marido chegou
com uma criança e disse que era
de uma gari de Brasília. Quiseram
adotar, mas pensaram: "O menino
é nosso mesmo, vamos registrar".
E cuidaram bem do menino, deram amor."
Vilma nasceu em Itaberaí (GO).
Morou em Presidente Prudente
(SP), no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Trindade (GO). Em 1968,
mudou-se para Brasília e se casou
com o primeiro marido, o comerciante Carlos Soares da Silva. Lá,
teve quatro filhas: Carla, Patrícia,
Cristiane e Roberta, com idades
entre 26 e 34 anos.
Inocência
Em entrevista coletiva no começo da noite de ontem, Pedrinho,
ao lado das irmãs Roberta e Cristiane, reafirmou seu apoio à mãe
adotiva. "Eu sei que ela é inocente.
Ela falou que é inocente olhando
nos meus olhos."
Questionado se acreditava que a
mãe tinha planejado seu sequestro, disse: "Não, mas sei que quem
vai ter de responder é ela. Acredito apenas nela, testemunha se arruma em qualquer lugar".
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