São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BEBÊ SEQUESTRADO

Ezízio Barbosa diz que são absurdas as especulações de que a mãe adotiva de Pedrinho pode fugir

Advogado de acusada pedirá habeas corpus

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Acusada pela Polícia Civil do Distrito Federal como responsável pelo sequestro de Pedrinho de um hospital em Brasília, em janeiro de 1986, a mãe adotiva do garoto, Vilma Martins Costa, 47, não quis ontem comentar o assunto.
O advogado Ezízio Barbosa informou que entraria com pedido de habeas corpus preventivo na Justiça de Brasília. "Não acredito que seja decretada a prisão preventiva de dona Vilma. Ela tem residência fixa, profissão definida e bons antecedentes. E ela iria fugir com o menino para onde?"
Segundo Barbosa, o pedido é mais uma resposta à sociedade. "Até o passaporte dela vai acompanhar o pedido, para não ter mais especulações. Hoje [ontem] de manhã, ela saiu com o filho e todo mundo começou a dizer que tinha fugido. É um absurdo, ela não tem prisão preventiva decretada e tem o direito de ir e vir."
Vilma não pode ser condenada pelo eventual sequestro, já que o crime prescreveu. Mas ela ainda pode ser responsabilizada por apresentar dados falsos ao registrar o garoto.
Para o advogado, depoimentos que apontam a mãe adotiva como responsável pelo sequestro não são conclusivos. "Durante todo esse tempo de inquérito, muitas pessoas foram detidas, quase consideradas culpadas e não tinham nada a ver com a história."
"Ela afirma categoricamente "sou inocente e estou sendo crucificada", mesmo assim se coloca à disposição da Justiça, só que não foi ela quem pegou o bebê, e ela não vai mentir", disse Barbosa.
Pedrinho é o único filho adotivo do casal, mas os pais tiveram filhos de casamentos anteriores. O pai, o funcionário aposentado da Receita Federal Osvaldo Martins Borges, morreu em 19 de outubro, de câncer.
Segundo o advogado, Borges trouxe o bebê para Vilma. "Quando a criança chegou às mãos de dona Vilma, ela tinha sofrido o quinto aborto. O marido chegou com uma criança e disse que era de uma gari de Brasília. Quiseram adotar, mas pensaram: "O menino é nosso mesmo, vamos registrar". E cuidaram bem do menino, deram amor."
Vilma nasceu em Itaberaí (GO). Morou em Presidente Prudente (SP), no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Trindade (GO). Em 1968, mudou-se para Brasília e se casou com o primeiro marido, o comerciante Carlos Soares da Silva. Lá, teve quatro filhas: Carla, Patrícia, Cristiane e Roberta, com idades entre 26 e 34 anos.

Inocência
Em entrevista coletiva no começo da noite de ontem, Pedrinho, ao lado das irmãs Roberta e Cristiane, reafirmou seu apoio à mãe adotiva. "Eu sei que ela é inocente. Ela falou que é inocente olhando nos meus olhos."
Questionado se acreditava que a mãe tinha planejado seu sequestro, disse: "Não, mas sei que quem vai ter de responder é ela. Acredito apenas nela, testemunha se arruma em qualquer lugar".


Texto Anterior: Evitar registros falsos é difícil
Próximo Texto: "Será como ele quiser", diz o pai biológico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.