São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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IMPRENSA

Delegada alegou desacato e apreendeu RGs de jornalistas que cobriam o caso

Jornalista do "Agora" é preso na Sé

DA REPORTAGEM LOCAL

O repórter do "Agora" Fábio Grellet foi detido ontem à tarde, acusado de desacato e desobediência, pelo delegado-assistente Rogério Lopes de Figueiredo e a delegada titular do 1º DP (Sé), Nilze Baptista Scapulatiello.
O jornalista havia ido ao local, na região central de São Paulo, em busca de informações sobre um rapaz assaltado, espancado e jogado no rio Tamanduateí.
Segundo o repórter, Figueiredo se irritou com as perguntas feitas a ele sobre o caso. O registro da delegacia tinha contradições em relação a informações da Polícia Militar. "Então vai procurar sua turma e faça eles [PMs] assinarem a matéria", disse o delegado, de acordo com Grellet.
Em seguida, o repórter se dirigiu à sala da delegada titular do 1º DP, onde se deu a prisão.
Figueiredo, que escutava da porta a conversa com a delegada, ouviu o repórter chamá-lo de "displicente". A delegada e o delegado o prenderam por desacato e desobediência. "Falar que uma pessoa é displicente em serviço é desrespeito", disse Scapulatiello. Segundo ela, a "desobediência" foi incluída porque Grellet não quis dar seu RG.
Grellet, porém, afirmou ter dito que não sabia se o RG estava com ele, sendo imobilizado pelo braço por Figueiredo a seguir. Teve o crachá arrancado e foi obrigado a sentar. A confusão derrubou a cortina da sala. Depois disso, Grellet tirou o RG do bolso.
A delegada apreendeu pertences do jornalista (celular, blocos de notas e crachá). "Tudo o que for prova eu posso apreender", disse à Folha.
A fiança foi arbitrada em R$ 51. O repórter começou a prestar depoimento às 19h, sendo liberado às 22h16, após passar por exame no IML (Instituto Médico Legal).
Quinze minutos depois de dar entrevista sobre a prisão em sua sala e de ser fotografada -12 vezes-, Scapulatiello procurou três repórteres da Folha e do "Agora", no corredor da delegacia, para dizer que não autorizava a divulgação de sua imagem. A seguir, recolheu as identidades dos jornalistas, sem dizer o que faria com elas. Minutos depois, devolveu os documentos e expulsou os jornalistas da delegacia. "Lugar público é lá na rua, lá fora", disse ela, aos gritos. "Sai, já mandei sair".
As cópias dos documentos foram incluídos por ela no inquérito. Segundo ela registrou, as foram tiradas após sua proibição.
O delegado-assistente se recusou a dar entrevista.


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