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IMPRENSA
Delegada alegou desacato e apreendeu RGs de jornalistas que cobriam o caso
Jornalista do "Agora" é preso na Sé
DA REPORTAGEM LOCAL
O repórter do "Agora" Fábio
Grellet foi detido ontem à tarde,
acusado de desacato e desobediência, pelo delegado-assistente
Rogério Lopes de Figueiredo e a
delegada titular do 1º DP (Sé), Nilze Baptista Scapulatiello.
O jornalista havia ido ao local,
na região central de São Paulo, em
busca de informações sobre um
rapaz assaltado, espancado e jogado no rio Tamanduateí.
Segundo o repórter, Figueiredo
se irritou com as perguntas feitas
a ele sobre o caso. O registro da
delegacia tinha contradições em
relação a informações da Polícia
Militar. "Então vai procurar sua
turma e faça eles [PMs] assinarem
a matéria", disse o delegado, de
acordo com Grellet.
Em seguida, o repórter se dirigiu à sala da delegada titular do 1º
DP, onde se deu a prisão.
Figueiredo, que escutava da
porta a conversa com a delegada,
ouviu o repórter chamá-lo de
"displicente". A delegada e o delegado o prenderam por desacato e
desobediência. "Falar que uma
pessoa é displicente em serviço é
desrespeito", disse Scapulatiello.
Segundo ela, a "desobediência"
foi incluída porque Grellet não
quis dar seu RG.
Grellet, porém, afirmou ter dito
que não sabia se o RG estava com
ele, sendo imobilizado pelo braço
por Figueiredo a seguir. Teve o
crachá arrancado e foi obrigado a
sentar. A confusão derrubou a
cortina da sala. Depois disso, Grellet tirou o RG do bolso.
A delegada apreendeu pertences do jornalista (celular, blocos
de notas e crachá). "Tudo o que
for prova eu posso apreender",
disse à Folha.
A fiança foi arbitrada em R$ 51.
O repórter começou a prestar depoimento às 19h, sendo liberado
às 22h16, após passar por exame
no IML (Instituto Médico Legal).
Quinze minutos depois de dar
entrevista sobre a prisão em sua
sala e de ser fotografada -12 vezes-, Scapulatiello procurou três
repórteres da Folha e do "Agora",
no corredor da delegacia, para dizer que não autorizava a divulgação de sua imagem. A seguir, recolheu as identidades dos jornalistas, sem dizer o que faria com
elas. Minutos depois, devolveu os
documentos e expulsou os jornalistas da delegacia. "Lugar público
é lá na rua, lá fora", disse ela, aos
gritos. "Sai, já mandei sair".
As cópias dos documentos foram incluídos por ela no inquérito. Segundo ela registrou, as foram tiradas após sua proibição.
O delegado-assistente se recusou a dar entrevista.
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