São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Novo sistema irá criar o "rapa eletrônico"

Subprefeitos querem utilizar a instalação de câmeras para coibir o comércio de ambulantes em vias da capital paulista

Secretário da Assistência Social, Floriano Pesaro, diz que câmeras também vão agilizar o atendimento aos moradores de rua

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais objetivos dos subprefeitos com a expansão das câmeras de monitoramento nos bairros é controlar a presença de camelôs irregulares, como um "rapa eletrônico".
"É muito mais eficiente do que uma operação que mobiliza muitos homens. Já fizemos dezenas de operações de controle do comércio informal, mas volta tudo", afirma Eduardo Odloak, subprefeito da Mooca, uma das que já formalizaram seu interesse pelo projeto.
Ele planeja esse monitoramento no largo da Concórdia e na rua Oriente, onde há também concentração de furtos.
"Hoje é como enxugar gelo. Depois de 15 minutos os camelôs retornam. Com as câmeras, fica mais fácil até identificar as lideranças", diz Luiz Antonio Pacheco, que planeja instalar os equipamentos no perímetro da Cruzeiro do Sul, Voluntários da Pátria e Olavo Egídio, além do parque da Juventude.
Um dos impasses em relação à expansão do sistema nos bairros abrange os conflitos de interesse. A prefeitura planeja fazer esse monitoramento com a ajuda privada. Os principais interessados em financiar, porém, são justamente os comerciantes que querem a retirada dos camelôs. "Vai ter que ser do jeito e onde a prefeitura determinar, e não como eles querem", diz Odloak, da Mooca.
A Subprefeitura de Cidade Ademar também cita os aparelhos para inibir ações de assalto ou comércio irregular, como na praça Coronel Benedito de Castro Oliveira. Na Lapa, a intenção é semelhante, segundo a Guarda Civil Metropolitana, assim como em Perus, onde a subprefeita Ana Leonor Alonso definiu as proximidades da estação de trem como prioritária para ter esse monitoramento.
O subprefeito da Vila Mariana, Fábio Lepique, afirma que as câmeras são uma reivindicação de comerciantes e moradores desde que ele assumiu a função, no primeiro semestre.
Ele elencou entre os alvos do monitoramento eletrônico as avenidas Bernardino de Campos, Vergueiro, Domingos de Moraes e Jabaquara, por conta de furtos, roubos e controle do comércio ambulante.
Em São Mateus, a subprefeitura pretende a instalar câmeras na avenida Mateo Bei, também com vistas ao "rapa eletrônico" e combate a furtos.
Na Penha, Waldir Alves da Silva, assessor do subprefeito, diz que, das seis câmeras previstas, só duas vão ser em áreas centrais -uma delas nas imediações do Shopping Penha.
As outras quatro, planejadas para a avenida Carvalho Pinto, visam aumentar a sensação de segurança na pista de caminhada que recebe 5.000 pessoas aos finais de semana.

Câmera social
De acordo com o secretário de Assitência Social, Floriano Pesaro, a idéia de instalar os equipamentos surgiu com viés policial mas também servirá para agilizar o atendimento a moradores de rua.
"A história começou pelo viés policial. Percebemos mais uma utilidade social, que não tinha sido pensada, para identificar pontos de concentração dessa população, como eles se deslocam, quem os alicia."
Essa pretensão já tem influenciado os futuros pontos de escolha das câmeras -como no Glicério e nas proximidades de viadutos da 23 de Maio, onde muitos acabam se instalando.
O diretor da Abese aponta como temor no projeto da prefeitura, que busca parceiros privados, os gastos futuros. A CET, por exemplo, tem 150 câmeras para monitorar os congestionamentos, das quais só 30% funcionam hoje.
Os contratos de manutenção ficaram emperrados nos últimos anos e elas acabaram sucateadas. "Não adianta querer instalar para largar a mão em seguida", avalia Oggiam.
A instalação do projeto de monitoramento no centro custou R$ 2,7 milhões, bancado pela iniciativa privada, que também fará a manutenção por um ano. A GCM prevê gastar de R$ 30 mil a R$ 40 mil por mês para conservá-las depois. (AI)


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