São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Moinho Santo Antônio pode dar lugar a prédios

Dono quer demoli-lo, apesar de ação de tombamento

Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Fonte no Moinho Santo Antônio, galpão industrial do século 19 que está em processo de tombamento


LUISA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Moinho Santo Antônio, instalação industrial da Mooca do século 19, onde já funcionou uma casa noturna, está entre o tombamento e a demolição.
O local, que está em processo para ser tombado desde 2004, foi vendido por R$ 8,809 milhões para a Moinho S.A. Empreendimento Imobiliário em abril passado.
A nova empresa proprietária, dirigida por Marcos Mariz de Oliveira Yunes, já apresentou ao DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) um projeto para a construção de três torres residenciais onde hoje estão os galpões da antiga fábrica no bairro da zona leste de SP.
No entanto, segundo o DPH, as construções ficam protegidas já durante as análises e não podem sofrer modificações.
O espaço está restaurado e atualmente é alugado pela empresa Moinho Eventos, que tenta na Justiça renovar o contrato que garantiria de três a cinco anos de aluguel.
Enquanto isso, a proprietária luta pela rescisão do atual contrato que vai até setembro de 2007. "Não interessa mais alugar um espaço que logo terá uma nova finalidade", afirma o advogado do Moinho Empreendimentos, José Yunes - ex-deputado e ex-colaborador de Paulo Maluf e Celso Pitta. "O projeto corre normalmente na prefeitura, pois a área está apenas em estudo."
As análises devem ser apresentadas ao Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) para conclusão do processo até o fim do ano. Caso o prédio seja tombado, fica proibida a sua demolição ou alteração. "O Moinho tem valor histórico e deve ser tombado", diz Mirthes Ivany Soares Baffi, diretora da Divisão de Preservação do DPH.
A associação de moradores "Amo a Mooca" também apóia o tombamento e já reuniu mais de 8.000 assinaturas contra o novo empreendimento.
A diretoria do Moinho S.A. Empreendimento Imobiliário foi procurada, mas não quis se pronunciar sobre o caso.

Restauração
Quando o Moinho Eventos assumiu a área, em 2002, investiu cerca de R$ 800 mil em infra-estrutura. "Não mexemos na estrutura, pois quisemos manter sua história, tanto que hoje o Moinho é aberto à visitação durante o dia e recebe muitos estudantes de arquitetura", conta Carlos Eduardo Braga, sócio do empreendimento.
O espaço tem cinco ambientes com capacidade para mais de 5.000 pessoas e recebe em média 12 eventos por mês.
A primeira restauração do complexo foi em 1993, ano em que foi inaugurado o Moinho Santo Antônio, casa noturna que colocou o prédio no circuito de lazer nos anos 90.


Texto Anterior: Rua Augusta será monitorada no próximo ano
Próximo Texto: Moradores se mobilizam contra a obra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.