São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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Farmacêutica é acusada de fraudar exame de DNA

Dona de laboratório Clinical Center, em Sergipe, foi presa por assinar exames de paternidade que nem foram feitos

Em cinco dos seis falsos resultados positivos já detectados, os supostos pais estavam pagando pensão alimentícia para as crianças

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

A dona de um laboratório de análises clínicas em Aracaju (SE) foi presa sob a suspeita de fraudar exames de DNA para investigação de paternidade.
Análise inicial já constatou erro em seis exames que haviam dado positivo para paternidade. Em cinco dos seis casos, os supostos pais estavam pagando pensão alimentícia.
A farmacêutica e bioquímica Priscilla Ordanez, do laboratório Clinical Center, está presa desde o dia 8. Segundo o Ministério Público de Sergipe, ela deve ser indiciada sob suspeita de falsidade ideológica e estelionato, pois assinava exames que não foram realizados.
A Promotoria começou a investigar o caso em abril, após atrasos e irregularidades em resultados de exames pelo projeto Paternidade Responsável.
O projeto do Ministério Público busca o reconhecimento da paternidade de alunos da rede pública que não têm o nome do pai na certidão.
O laboratório Clinical Center, parceiro do projeto, fazia os exames por apresentar o preço mais baixo: R$ 200 por análise.
As amostras de sangue deveriam ser colhidas pela farmacêutica, que encaminharia o material para o laboratório DNA Vida, de Goiânia (GO).
A empresa informou à Promotoria que recebeu do Clinical Center apenas 18 dos 59 exames encomendados pelo projeto à farmacêutica.
"Constatamos erros em nomes das crianças, repetição em números de protocolo e soubemos que algumas vezes nem mesmo o sangue era colhido", disse a promotora Ana Christina Brandi. Segundo ela, nos exames era informado que a probabilidade da paternidade era de 66,6%, quando o número deve ser de 99,9%.
Os 59 exames encomendados ao Clinical Center estão sendo refeitos. De 14 análises já feitas, foi constatado erro nos resultados de seis exames.

"Falso positivo"
Uma das prejudicadas pelo "falso positivo" foi a cabeleireira Ivany Sátiro, 46, que disse ter quase terminado o casamento de 16 anos quando o marido negou ter uma filha, mesmo após o exame ter confirmado, erroneamente, a paternidade.
Ivany afirmou que o marido, caminhoneiro, sofreu um pré-infarto após saber do primeiro resultado do exame. "Ele agora está até sem trabalhar", conta a cabeleireira.
A promotora disse que já recebeu contestações a pelo menos outros 20 exames.
Localizado pela reportagem em seu celular, o advogado responsável pela defesa da farmacêutica, Saulo Eloy, disse que não iria se pronunciar sobre o assunto antes de sua cliente ser julgada.


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