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Farmacêutica é acusada de fraudar exame de DNA
Dona de laboratório Clinical Center, em Sergipe, foi presa por assinar exames de paternidade que nem foram feitos
Em cinco dos seis falsos resultados positivos já detectados, os supostos pais estavam pagando pensão alimentícia para as crianças
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A dona de um laboratório de
análises clínicas em Aracaju
(SE) foi presa sob a suspeita de
fraudar exames de DNA para
investigação de paternidade.
Análise inicial já constatou
erro em seis exames que haviam dado positivo para paternidade. Em cinco dos seis casos, os supostos pais estavam
pagando pensão alimentícia.
A farmacêutica e bioquímica
Priscilla Ordanez, do laboratório Clinical Center, está presa
desde o dia 8. Segundo o Ministério Público de Sergipe, ela deve ser indiciada sob suspeita de
falsidade ideológica e estelionato, pois assinava exames que
não foram realizados.
A Promotoria começou a investigar o caso em abril, após
atrasos e irregularidades em resultados de exames pelo projeto Paternidade Responsável.
O projeto do Ministério Público busca o reconhecimento
da paternidade de alunos da rede pública que não têm o nome
do pai na certidão.
O laboratório Clinical Center, parceiro do projeto, fazia os
exames por apresentar o preço
mais baixo: R$ 200 por análise.
As amostras de sangue deveriam ser colhidas pela farmacêutica, que encaminharia o
material para o laboratório
DNA Vida, de Goiânia (GO).
A empresa informou à Promotoria que recebeu do Clinical Center apenas 18 dos 59
exames encomendados pelo
projeto à farmacêutica.
"Constatamos erros em nomes das crianças, repetição em
números de protocolo e soubemos que algumas vezes nem
mesmo o sangue era colhido",
disse a promotora Ana Christina Brandi. Segundo ela, nos
exames era informado que a
probabilidade da paternidade
era de 66,6%, quando o número
deve ser de 99,9%.
Os 59 exames encomendados ao Clinical Center estão
sendo refeitos. De 14 análises já
feitas, foi constatado erro nos
resultados de seis exames.
"Falso positivo"
Uma das prejudicadas pelo
"falso positivo" foi a cabeleireira Ivany Sátiro, 46, que disse ter
quase terminado o casamento
de 16 anos quando o marido negou ter uma filha, mesmo após
o exame ter confirmado, erroneamente, a paternidade.
Ivany afirmou que o marido,
caminhoneiro, sofreu um pré-infarto após saber do primeiro
resultado do exame. "Ele agora
está até sem trabalhar", conta a
cabeleireira.
A promotora disse que já recebeu contestações a pelo menos outros 20 exames.
Localizado pela reportagem
em seu celular, o advogado responsável pela defesa da farmacêutica, Saulo Eloy, disse que
não iria se pronunciar sobre o
assunto antes de sua cliente ser
julgada.
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