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Laudo culpa Anac, Infraero, Airbus e TAM
Com base em relatório do IC, ao menos dez pessoas serão indiciadas, segundo promotor, pelo acidente que deixou 199 mortos em 2007
Acusados responderão pelo crime de atentado contra segurança do tráfego aéreo, com pena de até 6 anos; nomes não foram divulgados
Rogério Cassimiro - 17.jul.07 /Folha Imagem
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Avião da TAM que se chocou com o galpão da empresa durante tentativa de pouso em Congonhas (SP), em 17 de julho de 2007
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos dez representantes da Infraero, da Anac, da
TAM e da Airbus deverão ser
indiciados como os responsáveis pelo maior acidente da história da aviação aérea brasileira, em julho de 2007, quando
199 pessoas morreram.
Eles responderão pelo crime
de atentado contra a segurança
do transporte aéreo, com pena
de até seis anos de detenção.
O indiciamento será feito pela Polícia Civil, segundo o promotor Mário Luiz Sarrubbo,
45, com base no laudo final do
IC (Instituto de Criminalística), que aponta a responsabilidade de cada um no processo
que culminou no acidente.
O documento, segundo ele,
deverá ser apresentado na próxima semana. "Nesse momento, podemos dizer que temos
95% dessa questão fechada",
afirmou Sarrubbo.
De acordo com o promotor,
que não quis divulgar o nome
das pessoas que serão indiciadas, o acidente foi provocado
por uma série de fatores que
vão da qualidade da pista do aeroporto de Congonhas até o
treinamento inadequado dos
pilotos da TAM para atuar com
um dos reversos da aeronave
inoperantes.
"Não falo em nomes. São vários tijolinhos apontando para
aquele resultado final", disse.
A culpa de cada um
O laudo aponta irregularidades que teriam sido cometidas
pela TAM, como treinar de forma inadequada os pilotos (capacitados de forma imprópria
para pousar em pista molhada e
com um dos reversos travados)
e ignorar recomendação da
Anac de não pousar em Congonhas com um reverso inoperante e pista molhada.
Sarrubbo diz que a empresa
também errou ao não orientar
os pilotos a seguir o manual do
fabricante, com regras sobre a
posição correta dos manetes.
Para o promotor, o IC conseguiu concluir que os manetes
estavam em posição errada,
apesar de o equipamento estar
todo queimado -a conclusão
foi permitida pela análise dos
registros das caixas-pretas.
O relatório do inquérito policial, porém, afirmará que não é
possível dizer se houve falha
humana ou defeito mecânico
em relação ao posicionamento
incorreto dos manetes.
"Apurou-se que várias tripulações que operaram essa aeronave nos vôos anteriores estavam trabalhando da mesma
forma. Estavam operando de
forma errada esse posicionamento de manetes. Bem se vê
que era um padrão. É óbvio que
quando um erro vai sendo cometido várias vezes uma hora a
gente chega na tragédia", disse
o promotor.
Problema de fabricação
Mesmo com o manete na posição errada, o relatório do IC
deve apontar que o acidente
poderia ter sido evitado caso o
Airbus usado pela TAM tivesse
um dispositivo de segurança
-daí o fato de um funcionário
da fabricante constar entre os
indiciados.
Já em relação à Infraero (empresa pública responsável pela
infra-estrutura aeroportuária
brasileira), o laudo concluiu
que os responsáveis permitiram o funcionamento do aeroporto de Congonhas mesmo
sem toda a segurança exigida.
Se a pista estava inadequada
e a TAM permitia que seus
aviões continuassem pousando
na pista com reversos travados
em dia de chuva, caberia à Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), segundo a avaliação do
Ministério Público, a fiscalização. "Você acha que num sistema de transporte aéreo pode
haver relaxamento nesse tipo
de quesito? Sem sombra de dúvidas que não pode", afirmou
Sarrubbo.
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