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Obra usou material barato, aponta TCU
Auditoria feita pelo tribunal em 2007 e 2008 constatou que empresas não usaram no Rodoanel tipo de viga previsto
Secretaria de Estado dos Transportes diz que já está cumprindo as correções nas obras do Rodoanel impostas pelo Tribunal de Contas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Auditoria realizada em 2007
e 2008 pelo TCU (Tribunal de
Contas da União) constatou
que as empreiteiras responsáveis pelo Rodoanel mudaram o
material descrito em contrato e
optaram por vigas pré-moldadas a fim de baratear o custo
dos viadutos.
O trecho sul -onde as vigas
despencaram sobre carros na
noite de anteontem- está sob
investigação do tribunal, que já
listou 13 irregularidades no
percurso de 61 quilômetros.
O secretário de Transportes
de São Paulo, Mauro Arce, negou que estejam sendo utilizados materiais mais baratos. Segundo ele, algumas falhas
apontadas pelo TCU foram resolvidas com um TAC (termo
de ajustamento de conduta).
Arce não nega, no entanto,
que possam ter ocorrido problemas com o material utilizado na viga que causou o acidente. "Dessa viga em particular
nós vamos verificar. É possível,
mas nós assentamos mais de
2.000 vigas no Rodoanel."
Os contratos de obra de todo
o Rodoanel (sem contar outros
gastos, como desapropriações),
que somam R$ 3,6 bilhões, são
investigados pelo TCU desde
2003. Desde o ano passado, o
ministro Augusto Nardes avalia a possibilidade de suspender
o repasse de verbas por causa
dos registros de pagamentos
acima do valor previsto em
convênio, contratação de serviços sem licitação, abertura de
licitação sem licença ambiental
e sobrepreço.
Os auditores verificaram que
houve sucessivas alterações
contratuais. As construtoras
mudaram o projeto original a
fim de enxugar os gastos e ainda pediram pagamento adicional de R$ 600 milhões alegando despesas não previstas.
A Folha apurou que os técnicos do tribunal não entraram
no mérito da troca de material.
Não questionaram, portanto, o
uso das vigas pré-moldadas dos
viadutos do trecho sul.
Ameaçadas de terem os repasses da União suspensos por
causa de irregularidades detectadas na obra do trecho sul do
Rodoanel, as empreiteiras aceitaram acordo abrindo mão de
parte do pagamento extra. Foram economizados R$ 250 milhões dos cofres públicos.
O acerto saiu há pouco mais
de um mês e excluiu o Rodoanel da lista que o TCU preparou com as obras do PAC que
têm indícios de irregularidades
e devem, por isso, ser embargadas. A União participa da obra
com R$ 1,2 bi, em quatro vezes.
Na última quinta, o ministro
Paulo Bernardo (Planejamento) questionou o acordo que
poupou o Rodoanel e lamentou
o fato de o TCU insistir em parar outras obras da União. "Por
que nós, do governo federal,
não tivemos a mesma oportunidade? Por que não podemos
fazer essa discussão?."
Colaborou a Folha Online
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