São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

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HISTÓRIA NAS ALTURAS

Casa no alto do 1º arranha-céu de SP sediará associação

Martinelli abrigará centro cultural

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1946, ao chegar a São Paulo, a italiana Maria Bonomi ouviu seu avô recomendar ao motorista do táxi: "Não passe na Líbero Badaró". O comendador Giuseppe Martinelli não queria passar na rua onde estava o prédio que havia construído, batizado e, anos antes, perdido: o edifício Martinelli, primeiro arranha-céu da cidade. "Ver o prédio daquele jeito, subutilizado, era uma tristeza muito grande para ele", lembra.
Quase 60 anos depois, a artista plástica diz passar por um "resgate afetivo": a casa onde seu avô morou, no alto do prédio, será convertida em centro cultural.
O local, que pertence à prefeitura, será coordenado pela Associação Amigos do Martinelli, criada ontem. Além de Bonomi, a entidade reúne pessoas ligadas à comunidade italiana da cidade, como o empresário Rogério Fasano, o ex-ministro Andrea Matarazzo, o jornalista Mino Carta e o advogado Dalmo de Abreu Dallari.
Segundo Bonomi, um dos projetos já previstos é a instalação de um memorial do imigrante italiano e um espaço voltado à história urbanística de São Paulo. A casa também abrigará palestras, cursos e lançamentos de livros. "Podemos ter até mesmo casamentos, porque a paisagem é linda."
A meta é que as primeiras propostas sejam implementadas ao longo do próximo ano.
A casa foi construída no alto do edifício por Martinelli como forma de mostrar à população que o prédio não corria risco de cair.
Na época, um dos prédios mais altos da cidade era o Sampaio Moreira, também no centro, com 12 andares. O Martinelli tinha 25 -o código de obras chegou a ser reformulado para permitir a obra.
Problemas técnicos, porém, comprometeram a fortuna de Martinelli e a ocupação não foi a esperada.
Em 1939, ele perdeu o prédio. "São Paulo não estava madura o suficiente", diz Bonomi.


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