São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Filha espera indenização pela morte do pai há 9 anos

Aposentada aguarda desde 1997 o pagamento de R$ 11 mil definidos pela Justiça

Já empregada doméstica, que ficou cega de um olho durante cirurgia no nariz em 86, aguarda determinação do valor que deve receber

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Neusa Caracco, que aguarda a indenização pela morte do pai, em 96, após cair da cama do hospital


DA REPORTAGEM LOCAL

Não são felizes os finais das batalhas na Justiça da empregada doméstica H. e da aposentada Neusa. Nenhuma das duas conseguiu indenização ainda, apesar de a Justiça ter entendido que os dois serviços médicos que elas acusaram erraram. Uma perdeu a visão do olho esquerdo após operar o nariz. A outra perdeu o pai, que estava internado em um hospital e morreu depois de cair de uma cama quebrada da unidade.
O caso de H. é conhecido por ser um dos poucos a chegarem ao Supremo Tribunal Federal. Foi operada de desvio de septo no Hospital das Clínicas da USP, em 1986, quando tinha 24 anos. Até hoje, não se sabe o porquê, perdeu um olho.
O advogado da empregada argumentou que a Constituição determina que o prestador de serviço público deve responder por eventuais danos independentemente da culpa do agente ou servidor público. Já os advogados do Estado discordaram, apontaram que toda cirurgia tem o seu risco e que só se ficasse clara a culpa dos profissionais responderia.
Como era uma questão constitucional, o caso foi ao STF, que decidiu em favor da empregada. H. aguarda agora, segundo seu advogado, Renato Hisdorf Dias, a Justiça paulista definir o valor das indenizações por danos morais e materiais. "Deve durar mais dez anos."
Já um acidente no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual causou a morte do pai de Neusa Maria Caracco, 63. Era outubro de 96, Aldomiro Nardi tinha 76 anos e recuperava-se dos efeitos de uma quimioterapia quando caiu de uma cama quebrada e bateu a cabeça. Ele chegou a ter alta, mas, confuso, foi levado de volta ao hospital cerca de dez dias depois e tinha um coágulo no cérebro. Não resistiu.
"Estou até hoje na luta. Nada vai pagar a vida do meu pai, mas até hoje não consegui fazer o túmulo dele", diz Neusa. Ela ganhou o processo contra o Estado definitivamente em 1997, diz seu advogado, Gilseno Chaves Filho. A indenização definida pelo Judiciário era de cerca de R$ 11 mil. O precatório foi expedido e Neusa aguarda na fila. (FABIANE LEITE)


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