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Governo propõe rever penas de todas as 25 mil presas do país
Idéia é fazer um mutirão para aliviar a situação dos presídios femininos, que apresentam superlotação e problemas de higiene
Estimativa do Departamento Penitenciário Nacional aponta que 1/3 das detentas, cerca de 8.000, poderiam ser beneficiadas
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal propôs ontem rever a pena de todas as 25
mil mulheres presas no país,
por meio de um mutirão envolvendo o Poder Judiciário.
Estimativa do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) aponta para que um terço (cerca de 8.000) poderia ter
algum tipo de benefício com a
medida -liberdade, semiliberdade, penas alternativas ou julgamento dos processos no caso
das presas provisórias.
A ação, considerada "emergencial", serviria para aliviar a
situação caótica das penitenciárias femininas, apontada por
um levantamento da SPM (Secretaria de Políticas para as
Mulheres), divulgado pela Folha na semana passada.
O relatório mostrava condições precárias de higiene, superlotação, ratos e doenças.
Em Vitória, o grupo encontrou presas com hemorragias e
tumores em estágio avançado
sem cuidados médicos. Na penitenciária de Santana, em São
Paulo, há a suspeita de três
mortes por leptospirose.
A progressão da pena cabe,
hoje, a todos os presos, independentemente do crime, segundo o advogado criminalista
Roberto Delmanto Junior.
Para crimes cometidos até
março deste ano, os presos tinham direito a pedir progressão de pena -mudança para regimes com mais liberdade- depois de cumprido pelo menos
um sexto da pena e tendo bom
comportamento.
Por uma mudança na legislação, condenados por crimes hediondos -como extorsão mediante seqüestro e homicídio
qualificado- só progridem para regimes semi-abertos após
dois quintos da pena -se forem
primários- ou três quintos
-se reincidentes. Para outros
crimes, permanece o cumprimento mínimo de um sexto.
No caso de penas de até quatro anos por crimes sem violência ou grave ameaça, há a possibilidade de cumprir uma pena
alternativa, como trabalhos
prestados à comunidade.
Essa é uma opção defendida
por Delmanto, que classifica
como "deprimente" a situação
de penitenciárias femininas.
"A prisão é um jeito caro de
tornar as pessoas piores. O que
mais choca é que se não houvesse a situação emergencial e
o caso da garota do Pará, ninguém estaria mexendo em nada e continuaria tudo na mesmice", disse.
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