|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Policiais sacusados de extorsão após vítima marcar notas
Mulher marcou com uma caneta preta o focinho da onça pintada nas cédulas de R$ 50 e o bico da arara nas de R$10
Ministério Público Federal de SC denunciou quatro
policiais federais por abuso de autoridade e concussão;
um deles está preso
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro policiais rodoviários
federais de Santa Catarina respondem a ação penal, sob acusação de abuso de autoridade e
concussão (exigir vantagem indevida), graças a uma idéia simples usada pela vítima para
comprovar a extorsão: ela marcou as notas de R$ 50 com um
ponto, feito com caneta hidrográfica preta, no focinho da onça pintada, em cada uma das cédulas. Nas notas de R$ 10, pôs o
ponto no bico da arara.
Em agosto do ano passado, os
policiais rodoviários Flávio Cidral e Marcos Vinícius da Silva
Monteiro abordaram os ocupantes de um Audi A3, no posto
da Polícia Rodoviária em Barra
Velha (quilômetro 88 da BR 101
Norte), e exigiram a quantia de
R$ 2 mil para liberar o motorista e sua família.
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, enquanto o condutor ficou retido no posto policial, sua
mulher teve que retornar a
Joinville para tentar obter o dinheiro no prazo máximo de
uma hora.
A mulher ligou para um amigo policial e levantou a soma
exigida. O policial sugeriu a
marcação das cédulas para documentar o pagamento.
O dinheiro extorquido foi
partilhado com mais dois policiais e apreendido posteriormente pela Polícia Federal, ao
cumprir mandado de busca na
diligência batizada de Operação Amigos da Onça.
No início de outubro, o MPF
denunciou Cidral e Monteiro,
que respondem pelas penas
previstas no artigo 316 do Código Penal (concussão) e na Lei
4.898/65, que trata dos casos de
abuso de autoridade.
No caso, não caberia denúncia por extorsão mediante seqüestro, que só ocorre quando
o crime não é cometido por autoridade. Os dois outros policiais respondem por omissão.
Improbidade
Agora, o MPF propôs ação
por improbidade administrativa contra os quatro policiais,
acusados de enriquecimento
ilícito e atentarem contra os
princípios da administração
pública. Um deles foi preso.
Estão sujeitos a perda dos
bens acrescidos ilicitamente,
ressarcimento integral do dano, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos e multa.
"O trabalho realizado pela
Polícia Rodoviária Federal em
Santa Catarina é de grande valia e os abusos de alguns policiais devem ser denunciados.
Esperamos que a ação de improbidade seja recebida e que
eles sejam afastados", afirma o
procurador da República Mário
Sérgio Ghannagé Barbosa.
Em caráter liminar, o Ministério Público Federal pede o
imediato afastamento de Cidral e Monteiro, com prejuízo
dos vencimentos e obrigação de
entregarem armas e identificação funcional.
Texto Anterior: SP terá sensor para identificar carro poluente Próximo Texto: Frase Índice
|