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PSIQUIATRIA
Segundo autor de ação, local desrespeita normas elementares de saúde
Instituto do Rio pode ser fechado
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal do
Rio de Janeiro deu entrada na Justiça Federal com uma ação civil
pública propondo no prazo de
nove meses o fechamento do Instituto Dr. Manoel Eiras, nome oficial da Casa de Saúde Dr. Eiras. O
estabelecimento é uma das mais
conhecidas instituições de tratamento psiquiátrico do país.
Esse é o tempo que o procurador da República Rogério Nascimento, autor da ação, considera
suficiente para que todos os pacientes sejam removidos para outras instituições. Atendida a petição, seriam proibidas novas internações, e o local, descredenciado
do SUS (Sistema Único de Saúde).
A ação foi distribuída para a 2ª
Vara Federal, onde já tramita outra ação relacionada à instituição.
De acordo com a petição, a Dr.
Eiras vem gerindo "com absoluto
descaso, sem respeito às mais elementares normas de saúde pública e aos direitos fundamentais da
clientela", sua unidade de Paracambi (a 75 km do Rio), na qual
mantém cerca de 1.220 pacientes.
Nascimento cita auditoria feita
pelo Ministério da Saúde em
2000, segundo a qual o local exige
imediatas providências, principalmente quanto ao atendimento
médico. A petição diz ainda que,
de maio a 17 de dezembro de 2001,
houve 32 óbitos na unidade, mas
só 16 teriam sido relatados à Secretaria Estadual de Saúde.
Além de considerar assustadora
a quantidade de mortes, o procurador encontrou trechos semelhantes em três diferentes relatórios de óbito. Um deles diz que,
"Em função de haver sido observado restos de alimentação na cavidade bucal e precedida de crise
convulsiva, foi presumido quadro
acidental por asfixia por obstrução mecânica das vias aéreas".
Segundo Nascimento, ou seria
"prática comum na instituição a
simples cópia de laudos ou essas
três vidas foram perdidas pelo
mais absoluto e inacreditável
abandono, vindo a falecer simplesmente por se terem engasgado com a refeição".
Ele pediu a criação de comissões
para análise dos óbitos que ocorrerem até o descredenciamento
da unidade -que seria integrada
pelo Estado-, para acompanhamento das transferências e para
avaliação das futuras altas. A ação
relaciona também como réus a
União Federal, o Estado do Rio e o
município de Paracambi.
Em julho passado, a Folha publicou reportagem sobre as condições dos internos da unidade e
divulgou dados de um censo feito
pela Secretaria Estadual de Saúde.
Na época, em um pavilhão, doentes crônicos tinham as cabeças
raspadas, sob alegação de norma
de higiene, e dormiam em locais
parecidos com baias para gado.
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