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Valor dos bens atinge R$ 8,6 mi
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-deputado federal Pinheiro
Landim declarou à Receita Federal ter um patrimônio de R$ 8,6
milhões em 31 de dezembro de
2001. Quatro anos antes, seus
bens somavam apenas R$ 200 mil
a menos -uma pequena variação, portanto.
As declarações de Imposto de
Renda de Landim foram entregues por ele ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Ceará, quando do registro de suas candidaturas a deputado federal. Elas são
públicas e foram divulgadas à Folha pelo próprio TRE.
Nesse período de quatro anos,
as dívidas do ex-deputado aumentaram de R$ 452 mil em 1997
para R$ 563 mil em 2001.
Uma das dívidas relacionadas
por Landim, com o Banco do Brasil, manteria o mesmo valor de
1997 a 2001-R$ 394 mil. O ex-deputado atribui a dívida ao saldo
negativo de uma conta corrente.
Não há incidência de correção
monetária ou de juros.
Segundo a assessoria de imprensa do banco, a declaração é
de responsabilidade do ex-deputado, e ele pode declarar o que
quiser. O banco não informou
qual é o valor do limite da conta
corrente de Pinheiro Landim.
Cabe à Receita Federal questionar os valores, em caso de dúvida.
O banco e o Fisco não deram informações sobre o débito por causa dos sigilos bancário e fiscal.
O próprio Landim, em sua casa
em Brasília, por telefone, afirmou
que não teria condições emocionais para dar uma entrevista e pediu que a reportagem falasse com
seu advogado, Raul Livino.
Já o advogado afirmou não ter
como falar de declarações de Imposto de Renda do ex-deputado
por não conhecê-las.
Sítios e fazendas
Chama a atenção nas declarações entregues ao TRE que alguns
bens relacionados em 1994 deixaram de aparecer em 1998 e reapareceram em 2002. São quatro propriedades no interior do Ceará
-duas fazendas e dois sítios-,
que valeriam R$ 560 mil, segundo
as declarações.
Apesar de desconhecer os documentos, o advogado de Landim
afirmou que pode ser que, como
não eram imóveis novos, mas
bens que já haviam sido declarados anteriormente, o ex-deputado poderia omiti-los sem lesar a
Receita Federal.
O ex-deputado é dono de empresas, mas não declara receber
nada delas, inclusive da CCC Cerâmica, que valeria, de acordo
com os documentos entregues ao
TRE, R$ 4,2 milhões. Isso não significa que haja irregularidade
porque a distribuição de lucros de
empresas é isenta de imposto.
Além disso, não há elementos
que indiquem que a empresa de
Landim obteve lucro nos anos referentes às declarações de renda.
As demais empresas, Construtora Agropecuária Sagitários
Ltda., a Cofep Construtora Fernandes Pinheiro e a Majoplan
Construtora Imobiliária, estariam
sem movimento, segundo as declarações do ex-deputado.
No caso da Cofep, Landim fez
um empréstimo à empresa de R$
2 milhões, valor não reajustado
nas declarações de 1998 e 2002.
Por outro lado, ele declarou, em
2002, ter uma dívida com a Majoplan, desde novembro de 1998, no
valor de R$ 168 mil, também não
corrigidos desde então.
As únicas fontes de renda declaradas pelo ex-deputado são o salário da Câmara dos Deputados,
como deputado federal, da Assembléia Legislativa do Ceará (ele
é aposentado como deputado estadual) e da Prefeitura de Fortaleza, inclusa na declaração de 2002,
por ter assumido uma secretaria.
Os rendimentos somaram R$ 197
mil em 2001.
Entre os itens declarados, também constam empréstimos cedidos a várias pessoas. O valor dos
empréstimos também não é corrigido ou aumentado.
Irapuan Pinheiro Sobrinho,
único beneficiário de empréstimo
na declaração de Landim referente ao exercício de 2001, teria recebido R$ 4,2 milhões.
Na declaração de 1997, o "sr.
Gildomar" consta como beneficiário de um empréstimo de R$
127 mil -o deputado não declara
o sobrenome do beneficiário nem
seu CPF. Há outro empréstimo de
R$ 64 mil a Rogério Pinheiro.
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