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No quarto dia de buscas, bombeiros acham duas vítimas da cratera do metrô
Primeira a ser localizada foi a aposentada Abigail de Azevedo; segunda vítima foi avistada dentro da van, mas ainda não identificada
No início da madrugada de hoje, foi anunciada a suspensão das buscas por 3 a 4 dias, devido ao risco; há outros cinco desaparecidos
DA REPORTAGEM LOCAL
No quarto dia de buscas por
vítimas da cratera que se abriu
nas obras do metrô em Pinheiros (zona oeste de São Paulo),
dois corpos foram encontrados
em meio aos escombros.
O primeiro a ser achado, às
4h50, foi o da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, que
passava pela rua Capri quando
o buraco tragou a via. Ela foi
identificada pelas digitais.
A segunda vítima foi avistada, por volta das 17h, dentro da
van também engolida pela cratera. Até a conclusão desta edição, não havia sido identificada.
Esse corpo não pôde ser retirado. "É uma mulher. Mas eu recomendo que nenhum familiar
desça para ver. A cena é muito
forte", disse o capitão Minori,
que atua nas buscas.
Minutos depois, o comandante do Corpo de Bombeiros
da região metropolitana, João
dos Santos Souza, afirmou que
nem era possível identificar se
era homem ou mulher.
No início da madrugada de
hoje, o Consórcio Via Amarela
anunciou a suspensão das buscas por três a quatro dias, devido ao risco de novos deslizamentos. "A nossa grande preocupação é que a gente não aumente a dimensão do acidente", disse Márcio Pellegrini,
responsável pelo consórcio.
Em nota lida pelo assessor de
imprensa do consórcio, Mauro
Bastos, a empresa informa que
os esforços agora serão concentrados na realização de obras
para evitar desabamentos.
Pellegrini e Bastos se recusaram a falar sobre causas do acidente, alegando respeito às vítimas que ainda se encontram
soterradas. "Todas as questões
sobre as obras serão respondidas com argumentos técnicos
após o resgate das vítimas", disse Bastos. Diante da insistência
dos jornalistas, Bastos e Pellegrini se retiraram.
O comandante dos bombeiros participou da entrevista,
realizada no local do acidente.
Ele afirmou que seus homens
são voltarão a atuar após o consórcio deixar a área segura.
Durante o dia, os trabalhos
foram acompanhados por parentes dos desaparecidos. Após
saberem que foi vista uma vítima na van, eles se abraçaram e
choraram. "Não temos mais esperanças. Já passou muito tempo e estamos muito desgastados", disse Meg Araújo, tia do
cobrador da van Wescley
Adriano da Silva, 22.
O secretário estadual da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, afirmou que ainda não é
possível identificar a causa do
desabamento do canteiro de
obras. "Temos de esperar os
laudos. Mas, agora, a prioridade
é encontrar as vítimas."
Até a noite de ontem, cinco
pessoas permaneciam desaparecidas: um pedestre, um motorista de um caminhão da obra
e outros três ocupantes da van.
As vítimas
A aposentada estava soterrada a cerca de 20 m do solo. Foram cães farejadores que apontaram anteontem à noite onde
estava o corpo. Ela foi encontrada às 4h50, após escavações
manuais. O trabalho demorou
devido à instabilidade da área.
A Secretaria da Segurança informou que o corpo da aposentada foi encontrado partido ao
meio, na altura do tórax. Ele teria se rompido durante o soterramento. Parente de um dos
desaparecidos e um motorista
da obra, porém, dizem que foi a
escavadeira que o partiu.
Segundo a Folha apurou, um
braço da aposentada foi achado
no aterro em Carapicuíba
(Grande SP), onde é depositada
a terra retirada da cratera.
Encontrado o corpo da aposentada, os trabalhos voltaram
a ter como prioridade a retirada da van -que havia sido localizada anteontem às 8h.
Por mais de cinco horas, as
equipes de resgate ficaram a
cerca de dois metros do veículo. A distância permanecia
inalterada porque, quando se
retirava a terra de cima, uma
outra porção que estava no entorno rolava em direção à van.
Só às 17h25 os bombeiros
conseguiram ter um contato
visual claro com o veículo. Um
corpo foi visto pela janela quebrada do último banco da van,
que estava enterrada de bico.
Trinta bombeiros revezaram-se durante todo o dia na
operação.
Os trabalhos durante a maior
parte do dia foram concentrados na parte superior da cratera, com a retirada de terra pelas
retroescavadeiras. Até o início
da noite, já haviam sido retirados 450 caminhões de entulho.
No final do dia, porém, a ação
teve de ser interrompida, pois
uma rocha ameaçava rolar. O
resgate precisou colocar concreto na área.
Os bombeiros voltaram então a atuar pela parte inferior,
por meio de um túnel, até que
os trabalhos foram suspensos,
por volta das 22h.
(ANDRÉ CARAMANTE, FÁBIO TAKAHASHI, FABIANE LEITE E KLEBER TOMAZ)
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