São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Houve falha na obra, diz vice de Serra

Para Alberto Goldman, acidente no metrô em Pinheiros, na última sexta-feira, foi provocado por erros de engenharia

Segundo o vice-governador, chuvas fortes são previsíveis e não podem ser usadas como uma justificativa para um "episódio dramático"

ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), secretário estadual de Desenvolvimento, afirmou ontem que o acidente nas obras da linha 4-amarela do metrô, em Pinheiros, foi provocado por falhas de engenharia.
Falando como engenheiro formado pela USP (Universidade de São Paulo) e ex-ministro dos Transportes no governo de Itamar Franco (entre 1992 e 1994), Goldman disse que as fortes chuvas não podem ser usadas como justificativas para o "episódio dramático".
"Um grande volume de chuvas também é previsível. [...] A engenharia em algum momento falhou, indiscutivelmente. É responsabilidade de um processo de engenharia que foi adotado do começo até o fim. De quem é a responsabilidade -individual, pessoal, ou de empresas-, isso só a investigação que vai dizer", afirmou.
"Os responsáveis têm de pagar em todos os sentidos. Do ponto de vista moral, do ponto de vista financeiro, do ponto de vista político. Mas, evidentemente, a cidade não deve sofrer com a paralisação de uma obra tão importante. Como disse, há um atraso de 30 anos às obras do Metrô", afirmou Goldman.
Em nota divulgada no último sábado, um dia após o desabamento, o Consórcio Via Amarela -responsável pela obra- apontou as "fortes chuvas das últimas semanas" como o principal indício para o acidente na construção da estação Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
Ontem, o consórcio afirmou que a prioridade atual é o resgate das vítimas -outros assuntos, disse o grupo, serão tratados no momento adequado.
Ao apontar falhas na obra, Goldman expõe em público um assunto tratado reservadamente pelo governo estadual. Na última sexta-feira, horas depois do acidente, por exemplo, o governador tucano, José Serra, questionou o presidente do Metrô, Luiz Carlos David, se tinha como prever o acidente. "Sim, tinha", ouviu.
A conversa era particular, porém foi ouvida pela reportagem da Folha. Mesmo assim, o governador negou que tenha recebido tal resposta do presidente da empresa estatal.
Ontem, Serra assumiu uma posição semelhante. Questionado sobre as afirmações de Goldman, o tucano afirmou não ter conversado com o colega sobre o assunto e que não poderia emitir opinião conclusiva antes dos laudos técnicos.
O secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, também disse que precisava esperar os laudos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para falar em causas. "A única coisa que posso dizer, antes dos relatórios do IPT, é que havia uma erosão na obra, desde a última quinta, e não fui informado disso. Eles [consórcio] vão ter que explicar isso."
O vice-governador participou ontem da abertura da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro realizada no Anhembi. No evento, Serra pediu um minuto de silêncio em homenagem à aposentada Abigail Rossi de Azevedo, a primeira vítima achada nos escombros, na madrugada de ontem.


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