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Houve falha na obra, diz vice de Serra
Para Alberto Goldman, acidente no metrô em Pinheiros, na última sexta-feira, foi provocado por erros de engenharia
Segundo o vice-governador, chuvas fortes são previsíveis e não podem ser usadas como uma justificativa para um "episódio dramático"
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-governador de São
Paulo, Alberto Goldman
(PSDB), secretário estadual de
Desenvolvimento, afirmou ontem que o acidente nas obras da
linha 4-amarela do metrô, em
Pinheiros, foi provocado por falhas de engenharia.
Falando como engenheiro
formado pela USP (Universidade de São Paulo) e ex-ministro
dos Transportes no governo de
Itamar Franco (entre 1992 e
1994), Goldman disse que as
fortes chuvas não podem ser
usadas como justificativas para
o "episódio dramático".
"Um grande volume de chuvas também é previsível. [...] A
engenharia em algum momento falhou, indiscutivelmente. É
responsabilidade de um processo de engenharia que foi
adotado do começo até o fim.
De quem é a responsabilidade
-individual, pessoal, ou de empresas-, isso só a investigação
que vai dizer", afirmou.
"Os responsáveis têm de pagar em todos os sentidos. Do
ponto de vista moral, do ponto
de vista financeiro, do ponto de
vista político. Mas, evidentemente, a cidade não deve sofrer
com a paralisação de uma obra
tão importante. Como disse, há
um atraso de 30 anos às obras
do Metrô", afirmou Goldman.
Em nota divulgada no último
sábado, um dia após o desabamento, o Consórcio Via Amarela -responsável pela obra-
apontou as "fortes chuvas das
últimas semanas" como o principal indício para o acidente na
construção da estação Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
Ontem, o consórcio afirmou
que a prioridade atual é o resgate das vítimas -outros assuntos, disse o grupo, serão tratados no momento adequado.
Ao apontar falhas na obra,
Goldman expõe em público um
assunto tratado reservadamente pelo governo estadual. Na última sexta-feira, horas depois
do acidente, por exemplo, o governador tucano, José Serra,
questionou o presidente do
Metrô, Luiz Carlos David, se tinha como prever o acidente.
"Sim, tinha", ouviu.
A conversa era particular, porém foi ouvida pela reportagem
da Folha. Mesmo assim, o governador negou que tenha recebido tal resposta do presidente da empresa estatal.
Ontem, Serra assumiu uma
posição semelhante. Questionado sobre as afirmações de
Goldman, o tucano afirmou
não ter conversado com o colega sobre o assunto e que não
poderia emitir opinião conclusiva antes dos laudos técnicos.
O secretário de Transportes
Metropolitanos, José Luiz Portella, também disse que precisava esperar os laudos do IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para falar em causas.
"A única coisa que posso dizer,
antes dos relatórios do IPT, é
que havia uma erosão na obra,
desde a última quinta, e não fui
informado disso. Eles [consórcio] vão ter que explicar isso."
O vice-governador participou ontem da abertura da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro realizada no
Anhembi. No evento, Serra pediu um minuto de silêncio em
homenagem à aposentada Abigail Rossi de Azevedo, a primeira vítima achada nos escombros, na madrugada de ontem.
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