São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Família de operário se diz desamparada

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desamparada. É assim que se sente a família do motorista Francisco Sabino Torres, 40, que trabalhava na obra do metrô e teria sido engolido pela cratera. Primeiro, o Consórcio Via Amarela, que o contratou, negava que ele fosse uma das vítimas, conta sua mulher, Maria Sinhazinha Torres.
Depois, os parentes não receberam orientação de como deveriam proceder e apenas ontem souberam que era necessário registrar o Boletim de Ocorrência, conta a filha mais velha, Kelly, 19. Agora, afirmam, os grupos de resgate não trabalham na busca do operário.
Segundo a família, colegas de trabalho que estavam em caminhões ao lado do dele contam que seu veículo foi engolido pela cratera ao lado do guindaste, na outra ponta onde a van foi encontrada ontem. "Eles sabem que o caminhão está em outro local e ninguém trabalha lá", diz Kelly.
"Meu pai está lá embaixo e eles só se preocupam com a van. Ela também é importante, mas podiam dividir a equipe."
Maria diz que ainda tem esperança, mas sabe que a chance de ele estar vivo diminui a cada dia. "A gente não tem informação, não vê ninguém fazer nada. É uma agonia ficar assim."
Francisco sempre foi motorista de caminhão e trabalhava em uma empresa de terraplanagem. Desde agosto de 2005, diz Maria, é funcionário do Via Amarela e já trabalhou na construção de várias estações, como a Jaguaré. "Ele nunca comentou sobre perigo nenhum", diz.
Com mais dois filhos além de Kelly, a família mora em Francisco Morato e é o motorista quem sustenta a casa. "Ele chegava por volta das 20h15 quando ia de carro, como na sexta-feira. Soube da notícia pela TV e fiquei preocupada, quando vi que ele não chegava, me desesperei", conta Maria.
Na sexta-feira, já perto da meia-noite, ela foi para a cratera. "Mas só no sábado à tarde reconheceram que meu marido está embaixo da terra."
O Consórcio Via Amarela diz que está prestando assistência às famílias das vítimas e que, pelos dados passados pelos funcionários que estavam no acidente, todos os veículos atingidos convergiram para o mesmo ponto da cratera, onde foi encontrada a van. Assim, a informação de que o caminhão estaria do outro lado, segundo a empresa, não procede.


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