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Família de operário se diz desamparada
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Desamparada. É assim
que se sente a família do
motorista Francisco Sabino Torres, 40, que trabalhava na obra do metrô e
teria sido engolido pela
cratera. Primeiro, o Consórcio Via Amarela, que o
contratou, negava que ele
fosse uma das vítimas,
conta sua mulher, Maria
Sinhazinha Torres.
Depois, os parentes não
receberam orientação de
como deveriam proceder e
apenas ontem souberam
que era necessário registrar o Boletim de Ocorrência, conta a filha mais velha, Kelly, 19. Agora, afirmam, os grupos de resgate
não trabalham na busca do
operário.
Segundo a família, colegas de trabalho que estavam em caminhões ao lado do dele contam que seu
veículo foi engolido pela
cratera ao lado do guindaste, na outra ponta onde
a van foi encontrada ontem. "Eles sabem que o caminhão está em outro local e ninguém trabalha lá",
diz Kelly.
"Meu pai está lá embaixo e eles só se preocupam
com a van. Ela também é
importante, mas podiam
dividir a equipe."
Maria diz que ainda tem
esperança, mas sabe que a
chance de ele estar vivo diminui a cada dia. "A gente
não tem informação, não
vê ninguém fazer nada. É
uma agonia ficar assim."
Francisco sempre foi
motorista de caminhão e
trabalhava em uma empresa de terraplanagem.
Desde agosto de 2005, diz
Maria, é funcionário do
Via Amarela e já trabalhou
na construção de várias estações, como a Jaguaré.
"Ele nunca comentou sobre perigo nenhum", diz.
Com mais dois filhos
além de Kelly, a família
mora em Francisco Morato e é o motorista quem
sustenta a casa. "Ele chegava por volta das 20h15
quando ia de carro, como
na sexta-feira. Soube da
notícia pela TV e fiquei
preocupada, quando vi
que ele não chegava, me
desesperei", conta Maria.
Na sexta-feira, já perto
da meia-noite, ela foi para
a cratera. "Mas só no sábado à tarde reconheceram
que meu marido está embaixo da terra."
O Consórcio Via Amarela diz que está prestando
assistência às famílias das
vítimas e que, pelos dados
passados pelos funcionários que estavam no acidente, todos os veículos
atingidos convergiram para o mesmo ponto da cratera, onde foi encontrada a
van. Assim, a informação
de que o caminhão estaria
do outro lado, segundo a
empresa, não procede.
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