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Agora teremos como fiscalizar, diz secretário
Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) afirma que relatório possibilitará à prefeitura exigir medidas contra barulho do aeroporto
Especialista em legislação ambiental afirma que vizinho de aeroporto incomodado com barulho tem direito à indenização
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário municipal do
Verde e do Meio Ambiente de
São Paulo, Eduardo Jorge, afirmou ontem que, com a apresentação do Rima (Relatório de
Impacto Ambiental) de Congonhas, terá condições de exigir
que a Infraero adote medidas
para corrigir os problemas de
excesso de ruídos.
Jorge trata a apresentação do
Rima como um fato "histórico",
já que a Infraero sempre se negou a formular o documento,
até ser multada, em 2008.
"Havia resistência, nem respondiam quando pedíamos.
Mas, quando multamos a Infraero em R$ 10 milhões, veio
um grupo de diretores me procurar aqui na secretaria."
Segundo ele, a partir de agora
a prefeitura tem como exigir da
Infraero medidas para combater os problemas encontrados.
Além dos ruídos, Congonhas
ainda é grande emissor de poluentes, inclusive os que provocam o efeito estufa, e atrai
enorme fluxo de veículos.
"Teremos como fiscalizar,
como exigir", disse Jorge, que
começou a cobrar os relatórios
da estatal ainda em 2006.
O secretário afirma que, como dirige o órgão licenciador,
não quer se manifestar detalhadamente sobre o licenciamento, o que deve ocorrer somente
após a audiência pública que
ele convocou para discutir o Rima, dia 29 deste mês.
Na audiência, qualquer pessoa ou entidade interessada pode se manifestar sobre o relatório, que foi mostrado ontem a
integrantes do conselho municipal do meio ambiente.
Advogados cobram
Especialistas em legislação
ambiental ouvidos pela Folha
defendem que a Prefeitura de
São Paulo só permita a continuidade das operações do aeroporto de Congonhas caso a Infraero implante sistemas antirruído nos locais considerados
mais sensíveis ao incômodo,
como escolas e hospitais.
A opinião é compartilhada
por Antonio Fernando Pinheiro Pedro, diretor de relações
públicas da Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas, e Rosa Ramos, que representa a OAB no Conselho
Estadual do Meio Ambiente.
Segundo Pinheiro Pedro, a
prefeitura deve exigir medidas
de compensação para as áreas
afetadas pelo barulho.
"É possível que o poder público cobre sistemas contra
ruídos nessas escolas, por
exemplo, mas os próprios moradores têm direito a compensações", afirma o advogado.
A legislação, de acordo com
ele, permite que um vizinho incomodado tenha direito a indenização, caso o problema (ruídos) não possa ser reduzido por
algum motivo, no caso do aeroporto, já que ele fornece um
serviço público.
Para Rosa Ramos, também é
momento de rediscutir o uso
do solo na região de Congonhas, já que está em discussão
pelo governo federal a proposta de se ampliar o aeroporto.
"O aeroporto existia antes
dos bairros que se formaram
naquela região. Mas hoje temos
uma realidade nova, e o município deve avaliar que tipo de
ocupação deve ser feita por ali",
afirma a advogada.
A presidente da sociedade
dos moradores de Moema,
Lygia Horta, afirmou que o estudo é uma vitória para os vizinhos. A entidade começou a
acionar a Justiça por conta do
barulho nos anos 80. "A Infraero admite só agora algo de que
vínhamos falando há 20 anos,
que o barulho de Congonhas
incomoda, prejudica a saúde."
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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