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Um ciclista morre a cada 5 dias em SP
Segundo balanço da CET, de janeiro a outubro do ano passado, 55 pessoas morreram pedalando pelas ruas da cidade
Secretaria Municipal do Verde planeja distribuir cartilhas a motoristas de ônibus; a cidade conta com
14,8 km de ciclovias em ruas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ciclista morre em decorrência de acidente no trânsito a
cada cinco dias em São Paulo.
Balanço da CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego) revela que de janeiro a outubro
do ano passado 55 pessoas
morreram pedalando pelas
ruas da cidade.
Em 2007, mais 83 ciclistas
foram mortos, e 84 outros perderam a vida em 2006, o que dá
em média uma vítima a cada
quatro dias, ainda segundo o levantamento da CET.
Pesquisa do Metrô na região
metropolitana, um dos poucos
estudos sobre o assunto, mostra que são feitas 300 mil viagens de bicicleta por dia, 71%
delas por motivo de trabalho.
Na quarta-feira, a ciclista
Márcia Regina de Andrade Prado, 40, morreu depois de ser
atropelada por um ônibus na
avenida Paulista. Ela era ativista no uso de bicicletas como
forma de melhorar o trânsito.
Além de pedalar em grupo, escrevia em listas de discussão
on-line sobre o tema.
Ontem, a família conseguiu
na Justiça que o corpo fosse
doado para fins científicos à Escola Paulista de Medicina. Como Márcia morreu na hora e
seu corpo ficou quatro horas à
espera de remoção, os órgãos
não puderam ser aproveitados
para doação.
Segundo parentes, ela manifestava em vida a vontade de
ser doadora. Maria Fernanda
de Andrade, tia da ciclista, diz
que o fato de a morte ser considerada violenta dificultou a
doação, pois o corpo poderia
ser considerado como prova.
"Eu não morri, mas um pedaço de mim se foi com ela. Poderia ter sido eu, como qualquer
um dos mais de 300 mil ciclistas que lutam nessa cidade com
uma arma não-letal", disse André Pasqualini, que organiza as
"bicicletadas" e era amigo de
pedaladas de Márcia.
Segundo a Secretaria Municipal do Verde, que desde 2006
coordena um grupo intersecretarial para incentivar o uso de
bicicletas, São Paulo tem 14,8
km de ciclovias em ruas e 19 km
em parques. Outros 13,2 km estão em obras, como os 6 km de
ampliação da Radial Leste.
Para Eduardo Jorge, secretário da pasta, ele próprio um ciclista, a dificuldade para a construção de ciclovias decorre da
"cultura de que o carro é bom
para a cidade".
"Temos uma cultura disseminada de que o uso da bicicleta em São Paulo era impossível.
Os estudos são complexos e só
começaram em 2006", disse
Jorge, que ontem à noite foi a
um ato na avenida Paulista para lembrar a morte de Márcia.
A secretaria diz ainda que vai
distribuir cartilhas educativas a
motoristas de ônibus da capital. Ativistas afirmam que é comum ciclistas disputarem espaço com ônibus e que frequentemente eles são fechados. Foi numa manobra como
essa que Márcia teve a cabeça
esmagada por um coletivo na
avenida Paulista.
"A ausência das ciclovias é a
principal causa para os acidentes. Acredito que a progressão
do uso das bicicletas e dos acidente vá ser cada vez maior",
diz Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor do Departamento
de Medicina Ocupacional da
Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
De acordo com a Abraciclo (a
associação do setor), foram
produzidas 6 milhões de bicicletas no Brasil em 2008, metade destinada ao transporte.
Desde o ano passado, o Metrô criou pontos de aluguel de
bicicleta em oito estações e bicicletários em mais sete.
Segundo o Instituto Parada
Vital, que criou o projeto, entre
1º de outubro e 9 de dezembro,
1.998 bicicletas foram emprestadas nas estações e em sete estacionamentos próximos da
avenida Paulista e 1.336 ciclistas foram cadastrados. Hoje, há
117 bicicletas disponíveis.
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