São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

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Poda radical desfigura árvores e cria riscos

Cortes feitos em São Paulo levam em conta apenas a fiação elétrica

Modelo de poda tira o equilíbrio da árvore e a deixa mais suscetível a quedas após ventos e chuva, diz especialista

VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um poda benfeita, que respeita o equilíbrio da copa e permite rápida cicatrização dos ramos cortados, faz toda a diferença quando o assunto é a queda de árvores, concordam os especialistas em arborização urbana.
Mas o que se vê ao circular por São Paulo são intervenções que mais parecem ter inspirações artísticas.
Essas podas são feitas normalmente pela AES Eletropaulo, em conjunto com a prefeitura, quase sempre em função da fiação elétrica existente na cidade.
O problema é que elas aumentam o risco de quedas, muito comuns na cidade em dias de chuva forte.
"Cada árvore tem arquitetura de copa definida pela genética, mas também por exigências ambientais, como velocidade e sentido dos ventos em cada localidade urbana, e resultam de anos de crescimento", diz o professor da Esalq-USP Demóstenes da Silva Filho, especialista em árvores urbanas.
"Ao se tirar uma porção da copa, há deslocamento do centro de gravidade da árvore, elevando o risco de queda durante chuvas e ventos fortes", explica Silva Filho.
Podas radicais também deixam árvores suscetíveis a pragas, porque as plantas não conseguem cicatrizar antes de ter a madeira apodrecida e invadida por cupins e fungos. "Isso mina a saúde geral da planta e resulta em quedas e acidentes", afirma Ricardo Cardim, mestrando em botânica da USP.

PLANEJAMENTO
E o que fazer para manter nas cidades as árvores, que prestam serviços ambientais como retenção de poluentes e da água da chuva, além de gerar sombra, diminuindo a temperatura nas ruas?
Segundo Francisco Rollo, mestre pela Esalq-USP e especialista em recursos florestais, as árvores de grande porte podem ser podadas desde o início de seu crescimento, para que as copas se formem acima da rede elétrica. Da mesma forma, as de médio porte podem ser podadas para ficar abaixo dos fios.
A empresa AES Eletropaulo, única com permissão de fazer poda em árvores que tocam fios elétricos (no ano passado foram 320 mil), afirma que, na maioria dos casos, o erro foi no planejamento da arborização e que as podas, mesmo que radicais, são feitas para garantir o fornecimento de energia.


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