São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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Denúncia de abuso no quartel afasta PM

da Reportagem Local

Um dos casos considerados prioritários pela Ouvidoria da Polícia, divulgado ontem por Mariano, é o afastamento de um policial militar após sua mulher ter organizado um abaixo-assinado denunciando abuso de autoridade dentro do quartel.
O caso aconteceu na 1ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, em Taubaté (134 km a nordeste de São Paulo). Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela ouvidoria.
Segundo Mariano, a mulher de um soldado da PM organizou um abaixo-assinado com a adesão de mais de 100 pais, mulheres e filhos de policiais. Eles denunciavam abuso de autoridade cometido por dois oficiais contra os soldados da companhia.
Entre os abusos, estavam a carga excessiva de trabalho e a mudança de horários de plantão sem prévia comunicação aos soldados.
Em 4 de junho do ano passado, o abaixo-assinado foi enviado à ouvidoria. "Considerei o caso grave e encaminhei à Corregedoria da Polícia Militar para a devida apuração do abuso de autoridade", declarou Mariano.
Segundo Mariano, na ouvidoria houve apenas uma apuração preliminar, que inocentou os dois oficiais de todas as acusações.
De posse do abaixo-assinado, o comando do batalhão identificou quem o tinha organizado. "Como represália, o marido da mulher que fez o abaixo-assinado foi afastado", declarou Mariano.
O comando do batalhão, então, abriu um inquérito policial militar sumário, que pode resultar em demissão por justa causa, para apurar o envolvimento do soldado com o manifesto.
De acordo com o ouvidor, o soldado não sabia do abaixo-assinado, que foi feito por sua mulher enquanto ele trabalhava.
Com medo da demissão do marido e de uma eventual punição, a mulher voltou à ouvidoria e redigiu um termo desistindo da denúncia. "O que aconteceu é um absurdo. O policial foi eleito bode expiatório e afastado porque sua mulher denunciou uma irregularidade", opinou o ouvidor.
Mariano enviou um ofício à corregedoria afirmando não concordar com o inquérito e pedindo reabertura das investigações contra os dois oficiais.
Outro lado
A Corregedoria da Polícia Militar afirmou que nada foi provado contra os dois oficiais nas investigações preliminares, por isso não foi aberto inquérito contra eles.
A abertura do inquérito contra o soldado foi decidida pelo comando do batalhão, que não quis comentar o assunto. O comandante da Polícia Rodoviária, coronel Gérson Rezende, afirmou desconhecer o caso porque tomou posse apenas no final de dezembro. (OC)


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