São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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POLÍCIA
Devido aos débitos de R$ 2,3 milhões, superintendência não tem como pagar conserto de carros e sistema de informática
Dívida faz PF do RJ cortar telefone e xerox

Rosane Marinho/Folha Imagem
Prédio da Polícia Federal do Rio, que vive a pior crise de sua história e teve 26 linhas de telefones cortadas


SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A Superintendência da Polícia Federal no Rio enfrenta a pior crise financeira de sua história. As consequências são graves. Exemplos: 26 linhas telefônicas acabam de ser cortadas por falta de pagamento e 21 carros estão parados porque não há dinheiro para consertá-los.
Por falta de papel, as máquinas de xerox da superintendência deixaram de ser usadas. Há racionamento no gasto de combustível. O sistema de informática entrou em pane, e não há previsão para o conserto.
Para evitar a interrupção das investigações, os policiais viajam em carros cedidos pela Justiça, já que 80% da frota de 162 automóveis tem mais de dez anos.
Até a limpeza das dependências da PF foi afetada pela crise. Neste início de ano, por falta de pagamento das prestações contratuais, a empresa particular contratada (Nova Rio) afastou 25 dos 30 faxineiros que trabalhavam na sede da superintendência, no centro.
As dívidas da PF fluminense somam R$ 2.303.000. Desse total, R$ 1.663.000 são débitos contraídos no ano passado. Os demais R$ 640 mil são dívidas acumuladas nos anos anteriores e que ainda não foram pagas.
Só para as empresas fornecedoras de água (Cedae), energia elétrica (Light) e telefone (Telerj), a superintendência da PF no Rio deve R$ 813 mil.
A Folha tentou ouvir o superintendente em exercício, Paulo Roberto Ornelas de Linhares, sobre a situação financeira na unidade que dirige. Por intermédio da assessoria de comunicação social, ele informou que não faria comentários sobre o assunto.
As 26 linhas telefônicas foram cortadas esta semana pela Telerj. Só na Delegacia de Repressão a Entorpecentes, quatro telefones estão desligados, entre eles o do gabinete do chefe do setor, delegado Luiz Dórea, que está de férias.
As investigações da DRE são feitas em 11 carros modernos apreendidos com acusados por crimes como tráfico internacional de drogas e contrabando. O uso desses carros é autorizado pela Justiça Federal.
Quando não há autorização, os policiais usam carros Gol , fabricados em 88, de quatro marchas, com uma cota máxima de 20 litros de combustível por dia.
Por mês, a superintendência arrecada de R$ 900 mil a R$ 1,1 milhão com as taxas de emissão de passaporte, de recadastramento de estrangeiros, de expedição de porte de armas e de inscrição de empresas de segurança privada. Só em 98, a arrecadação chegou a R$ 11 milhões.
O problema é que esse dinheiro não pode ser gasto pelo Rio. Ele é enviado para o Fundo de Aparelhamento da Polícia Federal e não retorna. Bastariam três meses de receita para a situação financeira da superintendência se estabilizar.
Os gastos mensais da superintendência são de R$ 396 mil. Os pedidos de remessas de verba feitos à direção da Polícia Federal em Brasília não têm sido suficientes para cobrir as despesas.



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