São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARBARA GANCIA

Em paletó abotoado não entra mosca, ministro!

Essa Telefônica é uma louca de Chaillot, que só rindo. Há pouco mais de um ano, efetuou a mudança de todos os prefixos da região onde moro.
A turma do bairro ficou chateada, claro, mas, que eu lembre, ninguém reclamou. As pessoas estão sempre dispostas a engolir as adaptações do progresso.
Ocorre que, na semana passada, a Telefônica fez circular pelo bairro um comunicado impresso em vistoso papel verde y limón, com o "objetivo de atender rapidamente às necessidades da população de São Paulo" y blablablá y blablablá, para informar que os prefixos serão mudados mais uma vez.
Quer saber? Para mim não faz a menor diferença. Ao contrário, até me ajuda a driblar aquele bando de chatos que eu já queria ter perdido de vista em alguma curva ao longo da estrada.
Especialmente nesta época do ano, com o GP Brasil de F-1 pintando aí, em que fatalmente sou surpreendida pelo telefonema do folgado que diz ter estudado comigo na época do avião a lenha ("lembra de mim?") e tenta cavar uma credencial para entrar nos boxes de Interlagos.
Mas, se para mim a mudança de prefixo não causa maiores prejuízos, o mesmo não pode ser dito para quem tem algum comércio na região.
Só para dar um exemplo, o proprietário do pet shop que atende o Paulo Zulu do reino animal, ou seja, meu cão e personal trainer Pacheco Pafúncio, está latindo sozinho no quintal de tanta raiva.
Alô, dona Telefônica! Me diga uma coisa: o que o dono do Cãobeleireiro deve fazer com os imãs de geladeira, as camisetas promocionais, os talões de nota fiscal, o letreiro da fachada e os cartões de visita que foi obrigado a reformular por conta da primeira mudança do prefixo do telefone da loja dele?

Se eu fosse canadense, também teria tentado passar a perna no Brasil. Coloque-se na pele de uma autoridade do Canadá. Que impressão você teria ao ver o ministro das Relações Exteriores do Brasil, o professor Celso Lafer, passando em revista as tropas do exército argentino, de paletó aberto e gravata esvoaçando ao vento? Custava abotoar?
Um pouco de decoro é bom e conserva os dentes. Tudo bem que o ministro estava passando em revista as tropas da terra do Maradona. Mas, se nem mesmo o mais graduado dos diplomatas tapuias toma tenência com as regras básicas do protocolo, por que os outros haveriam de reverenciar nossa imagem?

QUALQUER NOTA

Semelhanças
Não paro de receber e-mails convidando para entrar em sites do tipo www.odeioocanada.com. Uai, será que só agora o pessoal descobriu que a América do Norte tem um equivalente à Argentina? Quem conhece o sotaquezinho francês dos canadenses sabe do que estou falando. Faz o castelhano dos vizinhos do sul parecer língua castiça.
Barrichello "grávido"
E se um dia o filho do Barrichello colocar um daqueles imãs com foto, escrito "Papai, não corra", no painel da Ferrari do pai? Será que vai fazer alguma diferença? Arre! Até tu, Brutus Gancia?
E-mail- barbara@uol.com.br

www.uol.com.br/barbaragancia/


Texto Anterior: Modo de atuar da quadrilha foge do padrão
Próximo Texto: Há 50 anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.