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NARCOTRÁFICO
Detento falsificaria carta, dizendo ir a culto
Ex-mulher de detento cita em CPI esquema para saída do Carandiru
DA REPORTAGEM LOCAL
A auxiliar de enfermagem Regina Merquiades de Oliveira, ex-mulher de um preso da Casa de
Detenção do Carandiru (zona
norte), disse ontem à CPI do Narcotráfico da Assembléia Legislativa que pedidos de saída de detentos para participar de cultos de
evangelização eram falsificados
na instituição. A irregularidade
teria conivência de funcionários.
A CPI descobriu, no final do
ano passado, que o preso José
Moisés da Silva, ex-marido de Regina -que está preso por estupro-, saía várias vezes por semana do Carandiru com a desculpa
de que ia participar de cultos em
uma casa de repouso.
Regina afirmou que o ex-marido fazia os ofícios em um computador da prisão e imprimia o pedido em uma impressora de um
obreiro -religioso que entra na
cadeia para evangelizar.
No pedido, o preso sempre iria
participar de um culto na casa de
repouso Oliver -local inexistente. O ofício era levado por um advogado do preso à Justiça.
Segundo Regina, Silva ia para a
casa de repouso Nova Vida, em
Cotia, de propriedade da família
dela, e ficava o dia na piscina ou
na sauna. "Isso mostra a conivência dos agentes da escolta, que
viam as irregularidades", disse
Rosmary Corrêa (PMDB), subrelatora da investigação sobre movimentação irregular de presos.
Silva deixou de frequentar a casa depois que a CPI denunciou o
caso. Uma cópia do depoimento
será encaminhada à Secretaria de
Administração Penitenciária.
A CPI também ouviu ontem
dois acusados de participar da conexão Atibaia -esquema de
transporte aéreo de drogas a partir do Aeroclube de Atibaia (65
km de São Paulo)-, presos no último dia 8. O empresário Odarício
Quirino Ribeiro Neto, dono de
um hangar, se recusou a falar com
os deputados.
Wilson Martins da Silva, o Wilson Boy, acusado de chefiar o tráfico na zona leste de São Paulo,
negou conhecer envolvidos no esquema, mas disse que a defesa de
todos era feita em conjunto por
um grupo de advogados.
"A relação entre eles fica caracterizada pela estratégia conjunta
de defesa", disse o deputado Renato Simões (PT), subrelator da
investigação do transporte aéreo.
A CPI pretende concluir o relatório final até o dia 25 de fevereiro.
(GILMAR PENTEADO)
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