São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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SAÚDE

Programas sociais da prefeitura, como o Renda Mínima, ainda não surtiram efeito sobre os indicadores, diz Vecina Neto

Para secretário, causa do problema é a crise

DA REPORTAGEM LOCAL

A resposta para o aumento da desigualdade mostrada na análise dos óbitos infantis em São Paulo está na crise econômica e no desemprego, diz o secretário da Saúde de São Paulo, Gonzalo Vecina Neto. "Com certeza isso causa um desarranjo", afirmou.
Segundo Vecina Neto, os programas sociais da prefeitura, como o Renda Mínima, ainda não surtiram efeito sobre indicadores de saúde, aponta um estudo que está em andamento na secretaria. Não seria, então, prova de que o problema é do setor de saúde? "É muito difícil dizer que tipo de estresse, de alimentação, de luta pela vida têm essas pessoas", responde Vecina Neto, lembrando de hábitos de vida sobre os quais a saúde tem dificuldades de atuar.
Ainda segundo ele, o fato de ter aparentemente caído o número de pessoas com planos de saúde na cidade -ele infere o dado a partir dos números de internações na rede privada- também sobrecarrega o sistema de saúde e demonstra o grau de empobrecimento da população.
Em 97, estimava-se que 52% dos paulistanos tinham plano de saúde. "Há ainda a responsabilidade do setor privado sobre esses resultados", afirma.
O antecessor de Vecina, Eduardo Jorge, que ficou na pasta até março de 2003, disse, na sexta-feira, que estava com um problema de saúde na família. A ligação caiu e ele não voltou a telefonar.
Vecina destacou ações como a distribuição de passes de ônibus para mulheres irem às consultas de pré-natal, lei do vereador Carlos Bezerra Júnior (PSDB), que a prefeita Marta Suplicy sancionou.
Segundo Ana Bara, coordenadora da área de Saúde da Criança da secretaria, hoje ainda 39% das mulheres, em média, fazem menos consultas de pré-natal do que o necessário. Em áreas de exclusão, o percentual chega a 44%.
Bara ressaltou o dado dos resultados do Pacto de Atenção Básica, que mostra que aumentou de 51,4% para 55,7% o percentual de mulheres que fazem um mínimo de sete consultas, entre 2001 e 2002. "Mas há também a questão cultural. A mulher não valoriza a consulta", afirma Vecina.
O projeto "Nascer Bem", da secretaria municipal, que objetiva promover assistência humanizada ao pré-natal, parto e ao recém-nascido, teve um orçamento de R$ 645.331 em 2002. A despesa empenhada, porém, foi de R$ 315.174, uma redução de 51,2%.
Segundo Vecina, os recursos para o setor vêm também de outras rubricas e não é possível contabilizar quanto foi gasto.



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