DA SUCURSAL DO RIO

Foi absolvido ontem o tenente da Polícia Militar Rodrigo Lavandeira, um dos cinco acusados da morte de quatro jovens no morro do Borel, na Tijuca (zona norte do Rio), no dia 16 de abril de 2003. Ele foi o segundo policial a ser inocentado no caso.
Após mais de 17 horas de julgamento, o policial foi absolvido pelo júri popular por 4 votos a 3.
Lavandeira comandava os 16 policiais militares que subiram o Borel para supostamente conter um "bonde" (comboio de homens armados) que desceria para a Tijuca. Na versão dos policiais, houve troca de tiros com as vítimas, que seriam traficantes. Os familiares negam.
O principal argumento da defesa foi que não há provas de que os tiros que atingiram os quatro partiram de Lavandeira.
Como no caso do sargento Sidnei Barreto, absolvido em outubro de 2004, o Ministério Público irá recorrer da decisão. Três outros PMs ainda serão julgados.

Medo
O pesquisador Marcelo Freixo, da ONG Justiça Global, diz que o júri popular votou contra as provas. "A decisão dos jurados reflete o medo em que vive a sociedade."
Freixo acredita que a tendência é punir quem atira. "A Justiça precisa entender que a violência policial vai além de quem atirou."
Maria Dalva da Silva, mãe de Tiago Correia da Silva, 19, um dos mortos, se disse derrotada. "Um joga a culpa para o outro."
Os advogados de Lavandeira não haviam respondido aos pedidos de entrevista da Folha até a conclusão desta edição. (LD)


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