São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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ACIDENTE

Unidade municipal foi inaugurada sem que banheiros e cozinha estivessem prontos; menina de 7 anos ficou internada

Porta de escola inacabada cai e fere aluna

FÁBIO TAKAHASHI
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma criança de sete anos ficou ferida anteontem com a queda de uma porta e de uma divisória em um banheiro de uma recém-inaugurada escola municipal na zona leste de São Paulo. Luana Costa Barros levou cinco pontos na testa e teve de ser internada devido a vômitos e a dor de cabeça.
A Emef Dias Gomes, em Lajeado, começou a funcionar na segunda-feira da semana passada sem que os banheiros e a cozinha estivessem prontos, conforme constatou a reportagem, que esteve no local no início das aulas.
Pais de alunos acusam a gestão José Serra (PSDB) de acelerar as obras para cumprir a promessa de acabar com as escolas de latinha até o começo deste ano -os alunos da Dias Gomes estudavam em um desses colégios improvisados da capital paulista.
Na tarde de anteontem, Luana foi ao banheiro da escola, onde foi atingida com a queda da porta e de uma divisória de pedra.
Após ter sido socorrida no Pronto Socorro Comunitário Vila Iolanda, onde recebeu os pontos e ficou em observação, a menina, que cursa a 1ª série, foi dispensada. Ontem, no entanto, acordou com dor de cabeça e vômitos e teve que ser levada para o Hospital Central de Guaianazes, onde permanecia até a noite de ontem.
"Como minha filha entra com saúde na escola e sai carregada, cheia de sangue?", disse o pai da aluna, Carlos Vagner da Silva Barros, 27, cobrador de ônibus.
Para ele, a escola ainda não estava preparada para receber os estudantes. "Hoje [ontem] mesmo fui lá e havia cinco operários trabalhando", afirma. "Agora, além de machucada, minha filha está traumatizada. Não vai mais ao banheiro sem a companhia da mãe."
Barros, que registrou boletim de ocorrência, afirmou que pretende processar a escola. Pelos seus cálculos, a porta e a divisória juntas pesam 70 kg; sua filha, 25 kg.
Mãe de um estudante também da 1ª série, a cabeleireira Ivone Freitas Pereira, 32, diz que está com medo. Ela afirma que fará hoje um protesto na porta da escola pedindo que as mães só levem as crianças para as aulas quando as obras estiverem concluídas. "Eles diziam que a nova escola seria inaugurada em abril. De uma hora para outra, começou a funcionar."
A reportagem da Folha não obteve autorização para entrar na escola ontem. Do lado de fora, era possível observar que as calçadas estão inacabadas e que parte dos vidros da fachada estão sujos de poeira.


Colaborou o "Agora"

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