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ACIDENTE
Unidade municipal foi inaugurada sem que banheiros e cozinha estivessem prontos; menina de 7 anos ficou internada
Porta de escola inacabada cai e fere aluna
FÁBIO TAKAHASHI
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma criança de sete anos ficou
ferida anteontem com a queda de
uma porta e de uma divisória em
um banheiro de uma recém-inaugurada escola municipal na zona
leste de São Paulo. Luana Costa
Barros levou cinco pontos na testa
e teve de ser internada devido a
vômitos e a dor de cabeça.
A Emef Dias Gomes, em Lajeado, começou a funcionar na segunda-feira da semana passada
sem que os banheiros e a cozinha
estivessem prontos, conforme
constatou a reportagem, que esteve no local no início das aulas.
Pais de alunos acusam a gestão
José Serra (PSDB) de acelerar as
obras para cumprir a promessa
de acabar com as escolas de latinha até o começo deste ano -os
alunos da Dias Gomes estudavam
em um desses colégios improvisados da capital paulista.
Na tarde de anteontem, Luana
foi ao banheiro da escola, onde foi
atingida com a queda da porta e
de uma divisória de pedra.
Após ter sido socorrida no
Pronto Socorro Comunitário Vila
Iolanda, onde recebeu os pontos e
ficou em observação, a menina,
que cursa a 1ª série, foi dispensada. Ontem, no entanto, acordou
com dor de cabeça e vômitos e teve que ser levada para o Hospital
Central de Guaianazes, onde permanecia até a noite de ontem.
"Como minha filha entra com
saúde na escola e sai carregada,
cheia de sangue?", disse o pai da
aluna, Carlos Vagner da Silva Barros, 27, cobrador de ônibus.
Para ele, a escola ainda não estava preparada para receber os estudantes. "Hoje [ontem] mesmo
fui lá e havia cinco operários trabalhando", afirma. "Agora, além
de machucada, minha filha está
traumatizada. Não vai mais ao banheiro sem a companhia da mãe."
Barros, que registrou boletim de
ocorrência, afirmou que pretende
processar a escola. Pelos seus cálculos, a porta e a divisória juntas
pesam 70 kg; sua filha, 25 kg.
Mãe de um estudante também
da 1ª série, a cabeleireira Ivone
Freitas Pereira, 32, diz que está
com medo. Ela afirma que fará
hoje um protesto na porta da escola pedindo que as mães só levem as crianças para as aulas
quando as obras estiverem concluídas. "Eles diziam que a nova
escola seria inaugurada em abril.
De uma hora para outra, começou a funcionar."
A reportagem da Folha não obteve autorização para entrar na
escola ontem. Do lado de fora, era
possível observar que as calçadas
estão inacabadas e que parte dos
vidros da fachada estão sujos de
poeira.
Colaborou o "Agora"
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