São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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ROTA DE FUGA

Rana Koleilat, suspeita de participação no assassinato de premiê, fez um corte no pulso e levou dois pontos

Líbano pede extradição de acusada de golpe

DA REPORTAGEM LOCAL

O Líbano enviou ontem ao Brasil o pedido de extradição da economista libanesa Rana Abdel Rahim Koleilat, 39, presa no último domingo em São Paulo.
Ela é acusada no Líbano de participação em um dos maiores golpes bancários daquele país -US$ 1,2 bilhão (R$ 2,56 bilhões em valores atuais). A investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a morte do primeiro-ministro Rafik Hariri aponta uma possível ligação entre o atentado e o golpe no banco.
O governo do Líbano solicitou que Rana seja mantida sob custódia até que o requerimento chegue pelas vias diplomáticas ao Brasil. O Itamaraty e a Embaixada do Líbano disseram que ainda desconhecem o pedido.
Apesar de não haver um acordo de extradição entre os dois países, o chanceler libanês, Fawzi Salloukh, afirmou que a suspeita de envolvimento de Rana no atentado que matou o premiê libanês Rafik Hariri pode facilitar o processo. Isso porque, segundo ele, o Conselho de Segurança da ONU solicitou a todos os países que auxiliem nos desdobramentos do caso da morte de Hariri.

Defesa
O advogado da acusada, Victor Mauad, afirmou que vai contratar especialistas nessa área para evitar a extradição. "Tanto esse pedido quanto a prisão aqui no Brasil são ilegais", disse.
Rana foi presa em São Paulo porque, segundo a Polícia Civil, ofereceu US$ 200 mil (R$ 426 mil) aos policiais para não ser detida.
Segundo Mauad, Rana nega tanto as acusações feitas no Líbano como a da polícia paulista. Ela passou 14 meses presa pelo golpe, descoberto em 2003. Foi solta, mas deveria ficar no Líbano.
Ontem, Rana foi levada ao hospital com um corte no pulso esquerdo. A polícia disse que o ferimento é superficial e foi feito por ela com um estilete, mas não explicou a origem do objeto.
A economista tomou dois pontos e foi liberada. Um funcionário do hospital, que não quis se identificar, disse que o ferimento sangrava pouco.
"Foi um charminho. Se quisesse, ela teria todas as condições de cortar o pulso", disse o diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária), delegado Antônio Chaves Martins Fontes.
"O desespero com a perspectiva de ser mandada para o Líbano pode ter motivado essa suposta tentativa de suicídio", disse o advogado da acusada.


Com agências internacionais

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