São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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TRANSPORTE

Mudança prevista há 3 anos deve começar nos próximos meses; meta é aumentar produtividade e reduzir déficit

Prefeitura vai cortar 1/3 das linhas de ônibus

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O transporte público de São Paulo vai perder nos próximos meses 37,7% do total de linhas de ônibus e lotações, conforme os planos do governo José Serra (PSDB) divulgados ontem.
As mudanças, previstas desde a licitação do sistema feita há três anos e prometidas logo no começo da gestão tucana, tendem a provocar mudanças significativas nos trajetos dos passageiros.
Elas foram relançadas como parte da solução para a crise financeira do transporte agravada na semana passada, quando empresários de ônibus pediram a rescisão de contratos e condutores fizeram paralisação.
Segundo a Secretaria Municipal dos Transportes, apesar da redução das linhas de 1.305 para 813, não haverá prejuízo aos usuários e a quantidade de lugares disponíveis nos ônibus e lotações deve subir de 903 mil para 1 milhão. "Uma linha poderá absorver mais veículos", explica o secretário dos Transportes, Frederico Bussinger.
Esse crescimento, diz a gestão Serra, será possível com a maior eficácia do sistema nas áreas centrais. Isso será feito com a substituição de veículos menores por maiores e com a redução da concentração de ônibus nos corredores, o que aumentará a velocidade nas principais avenidas. Assim, a prefeitura pretende aumentar a produtividade do sistema.
Os ônibus serão os maiores atingidos pela redução das linhas, que passarão de 829 para 315. Já o sistema local, operado em grande parte pelos perueiros, terá aumento de linhas de 476 para 498.
O objetivo principal, de acordo com a secretaria, é acabar com a grande quantidade de linhas que fazem um trajeto semelhante e diminuir os custos de operação.

Corredores
Haverá redução drástica de fluxo de veículos nos principais corredores exclusivos, segundo planilhas apresentadas pelo secretário. De acordo com ele, a medida visa reduzir o tempo das viagens e a espera dos usuários nos pontos (de 40 para 20 minutos).
No corredor Campo Limpo/ Rebouças/Centro, a quantidade de ônibus na hora de pico da manhã cairá de 230 para 126. No corredor Jardim Ângela/ Guarapiranga/Santo Amaro, a queda vai superar 50% -de 409 para 168. Já no trajeto Santo Amaro/Nove de Julho/Centro o número de veículos cairá de 242 para 145.
Outra proposta é diminuir a distância que a pessoa precisa andar para chegar ao ponto. Atualmente, a secretaria estima uma caminhada de até 800 metros -que deve ser reduzida para no máximo 500 metros.
De acordo com Frederico Bussinger, a reorganização da frota deve possibilitar a redução no déficit que hoje é motivo de crise no sistema. Empresários de ônibus reclamam que sofrem prejuízo mensal próximo de R$ 50 milhões e a prefeitura diz que não pode aumentar a remuneração além do previsto em contrato.
Os empresários disseram que vão avaliar a proposta da secretaria para depois se posicionarem.
O plano apresentado ontem vai ao encontro do discurso inicial de Bussinger, de implantar um sistema conforme planejado na concorrência pública de 2003.
De um lado, já naquela época, a mudança teve a aprovação de muitos técnicos por permitir a redução de custos e a elevação da produtividade do sistema. De outro, tende a causar transtornos pela mudança de hábitos e aumento de baldeações.


Colaborou ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local

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