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"Meus filhos estudam com filhos de médico e de servente", diz atriz
DA SUCURSAL DO RIO
A atriz Andréa Beltrão diz
que a imagem de escola pública
em sua vida está associada à
qualidade de ensino.
FOLHA - O que a levou a matricular
seus filhos na rede pública?
ANDRÉA BELTRÃO - A vida inteira
fui aluna de escola pública, e isso está associado para mim a
uma coisa boa. Estudei no Pedro 2º e minha mãe foi professora lá por muitos anos. Tenho
uma situação financeira confortável e poderia matriculá-los
num colégio caro, mas queria
uma escola de qualidade onde o
critério de entrada não fosse o
dinheiro. Meus filhos estudam
com filhos de médico, de porteiro, de servente. Todos vestem o mesmo uniforme. Isso
não é bravata ou bandeira. Fui
criada dessa maneira.
FOLHA - Há quem possa olhar e dizer que você está roubando a vaga
de um aluno pobre.
ANDRÉA - É uma visão reacionária. Meus filhos conseguiram
a vaga porque são netos de funcionário, e eu me beneficio disso sem nenhum pudor porque
pago meus impostos e penso
que a escola pública de qualidade é um direito de todos. Mas
procuro também ajudar bastante a escola, e fico muito feliz
ao perceber que vários pais fazem o mesmo, de acordo com
suas possibilidades.
FOLHA - O fato de seus filhos poderem ter um nível de consumo maior
que o dos colegas não dificulta a
convivência?
ANDRÉA - De jeito nenhum.
Aliás, rola um constrangimento
maravilhoso se um aluno quiser ostentar dentro da escola. É
um mico fazer isso num lugar
onde a filosofia é: "Não risque o
seu caderno porque no ano que
vem outras crianças vão usar".
Isso muda o comportamento
em relação ao ter.
Eles, por exemplo, ganharam
Ipod [tocador de MP3 da Apple] logo que foi lançado, mas
só passaram a levar para a escola quando os demais colegas começaram a ter esses aparelhos
de MP3. Lá, se destaca quem tirar notas mais altas, e não
quem tem mais para ostentar.
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