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"Foi eu", afirma o acusado de matar a tiros Glauco e Raoni
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, foi detido na madrugada de ontem ao tentar atravessar a ponte da Amizade rumo ao Paraguai
Segundo a PF, o acusado contou no depoimento que ficou escondido de sexta até domingo no meio do mato no pico do Jaraguá
Christian Rizzi/Agência de Noticias Gazeta do Povo
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O jovem Nunes é acompanhado por policiais em Foz do Iguaçu (PR), onde prestou depoimento ontem
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM FOZ DO IGUAÇU (PR)
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Eduardo Sundfeld
Nunes, 24, confessou ontem à
Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR) ter matado a tiros o cartunista e líder religioso Glauco
Vilas Boas, 53, e seu filho, Raoni, 25, por volta da 0h de sexta-feira. "Foi eu" [sic], disse o rapaz a uma emissora de TV.
"Tô com uma arma na mão,
no meio do mato, apontando a
arma para um cara famoso. Os
caras vão me condenar à morte
aqui no Brasil. Vão me foder
com a vida. Aí eu peguei e falei:
"Você fodeu com a minha, demorou, vou foder com a sua
também". Aí atirei nele", disse à
TV Bandeirantes.
Gustavo Badaró, advogado
do acusado, questionou a validade da declaração à TV. "Ele
não aparentava estado de normalidade. [Por isso,] A confissão não tem valor jurídico." Ele
não diz se, na conversa que teve
com o cliente, este admitiu ou
não ser o autor do crime.
Nunes foi preso anteontem,
por volta das 23h, quando tentava fugir para o Paraguai. Antes, ele havia sido abordado pela polícia por estar com um carro roubado. Fugiu e, na perseguição, atirou, ferindo um
agente federal. Só foi detido do
outro lado da ponte da Amizade, pela Marinha paraguaia.
Segundo a PF, Nunes contou
que ficou escondido de sexta a
domingo no pico do Jaraguá
(zona norte de São Paulo). De
lá, diz o relato, foi até a zona
oeste, onde roubou, por volta
das 9h, o Fiesta Sedan com o
qual dirigiu até o Paraguai.
O dono do carro, que pediu
para não ser identificado, disse
à Folha que não é capaz de dizer se Nunes é quem o roubou.
O assaltante, conta, o abordou
fingindo ser entregador de jornais, com a pistola enrolada em
um exemplar. Levou itens como cartões e dinheiro.
O delegado-chefe da Polícia
Federal em Foz do Iguaçu, José
Alberto Iegas, disse que, "depois da troca de tiros, ele logo
saiu do carro gritando que era o
assassino do Glauco".
A PF encontrou com ele três
gramas de maconha e uma pistola calibre 7.65 (supostamente a mesma usada nos homicídios) e tenta agora rastrear a
origem da arma.
Motorista
Ontem, a Polícia Civil de
Osasco disse que deverá indiciar Felipe de Oliveira Iasi, 23,
sob acusação de envolvimento
no crime -por contribuição ou
coautoria. Foi Iasi quem levou
Nunes de carro à casa de Glauco. À polícia ele disse que foi
forçado a fazer isso e que deixou o local sozinho.
O depoimento de João Pedro
Corrêa da Costa, 32, vizinho de
Glauco, dá outra versão. Ele diz
ter visto Iasi partir com Nunes,
que atirava para cima, como em
comemoração.
"Se o rapaz [Iasi] tivesse fugido, eu nem o teria visto", disse
após depor. Também relatou
que Nunes chegou a atirar duas
vezes contra ele, sem acertar.
Beatriz Galvão, viúva do cartunista, havia dito em entrevista que Iasi fugiu com Nunes,
mas à polícia afirmou que não
presenciou a fuga.
A polícia afirma que tem informações de que Nunes esteve
no centro de Osasco cerca de
dez minutos após o crime. Se isso se confirmar, reforçará a tese de que os dois fugiram juntos, já que só de carro ele poderia chegar até o local em tão
pouco tempo.
A definição sobre a forma do
indiciamento será tomada após
a polícia ouvir Nunes, o que deve acontecer hoje em Foz do
Iguaçu, onde ele está preso.
Já Nunes deve ser indiciado
sob acusação de duplo homicídio, agressão às pessoas dentro
da casa de Glauco, tentativas de
homicídio a Costa e a um policial e roubo.
(ALEXANDRE PALMAR, AFONSO BENITES, ROGÉRIO PAGNAN e GRACILIANO ROCHA)
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